JÉSSICA >> Sergio Geia

 


Jéssica é nome difícil de guardar. Lembram do Mário? Quer dizer, Celso? Ainda que a memória falseie, acho fundamental conhecer as pessoas que cruzam o meu caminho, chamá-las pelo nome é o mínimo. 
 
Associar o nome de alguém a alguma coisa é um recurso muito comum. Pode ser música, artista, objeto, imagens absurdas, vale tudo nessa hora. Por exemplo: Inara. Quando fui apresentado à nova funcionária do condomínio, não tive dúvidas: Inara, Inara, Inaraí. Comecei a cantarolar Katinguelê ainda no elevador e nunca esqueci o seu nome. 
 
O rapaz do posto de combustível que troca o óleo do meu carro se chama Diogo. Eu sempre tropicava no Diogo, caía no Diego. Até que me lembrei: Pé na areia, a caipirinha, água de coco, a cervejinha. Agora, quando preciso trocar o óleo, já vou cantando a música no caminho, vejo o sorriso do Diogo Nogueira, não tem erro. 
 
A caixa da padaria se chama Gabi. Tenho uma sobrinha chamada Gabriela, sem contar a obra de Jorge Amado, que faz o mesmo papel da aba esqueci a senha. O garçom se chama Pablo. Alguém tem dúvida? Qual é a música, Pablo? Stephany? Quem? Quem? A de Mônaco, claro. 
 
No passado, Cornélio assumiria a direção do nosso grupo da igreja. Certa noite, padre Marquinhos falou na pizzaria que o seminarista que chegava de Minas tinha nome de cidade, mas que ele não lembrava nem do nome dele, nem da cidade. A cidade é Cornélio Procópio e Cornélio virou um amigo. 
 
Mas Jéssica? 
 
O que me vem à cabeça é Jéssica Lange, sempre ouvi esse nome, atriz americana, primeira mocinha do King Kong, ganhou prêmios, Globo de Ouro, Oscar. Talvez depois desta crônica não me esqueça mais. 
 
Jéssica é a nova colaboradora do condomínio. Se esquecer o seu nome, espero que não faça como padre Marquinhos e Jéssica Lange surja no tempo certo para me salvar. 
 
 
Ilustração: imagem criada por IA (https://gemini.google.com/app?hl=pt-BR)

Comentários

Postagens mais visitadas