A MENINA >> Ana Raja
Alguma coisa lá no início deu certo, apesar da ausência definitiva. Mas o amor fez sua parte. De alguma forma, ele supriu a falta do abraço de quem a voz deveria ter sido íntima, do banho na banheira de plástico cor-de-rosa e das mãos delicadas lambuzando de pomada para assadura a sua pele de bebê.
Quando a menina caminha consciente da sua história, é sinal de que todas as palavras do amor seguem o circuito contínuo entre o coração e o pulmão.
Quando a menina - que ainda é uma menina e sempre será uma menina - abre um sorriso de esperança, é a certeza de que todas as festas de aniversário serviram para mostrar a ela que a vida presta.
Quando você vê a sua menina personificar a figura do bisavô - no jeito de jogar a blusa de frio nos ombros - e a mágica do sangue fala mais alto, saudade.
E quando a menina, em uma tarde linda de céu azul, se acomoda em um banco e declama a sua poesia adolescente, é de fazer a tia se encher de orgulho.
As dores delas, primeiro livro de Ana Raja, está a venda no www.editoraurutau.com.
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