DESCE DOIS... DESCE MAIS >> Clara Braga

Pela primeira vez inscrevi meu filho nesses programas especiais de contraturno. O pessoal do local onde ele faz natação organizou uma semana de evento em comemoração ao dia das crianças e achamos que seria legal para ele participar.

Na hora da inscrição, recebi uma ficha para preencher. Normal, informar os dados faz parte da inscrição de qualquer evento, seja criança ou não. Comecei a preencher: nome, endereço, nome dos responsáveis, telefone, cpf e assim acabou a primeira página.

Na segunda página, a coisa começou a ficar mais específica: tem alguma alergia? Pergunta normal e esperada, já que ele vai lanchar lá e participar de atividades nas quais vai manipular corante, faz sentido.

Depois disso, pediram o número da carteira do plano de saúde! Já fiquei tensa, mas ainda achando normal. O problema para mim foi a hora que pediram o tipo sanguíneo! Sério mesmo? O que poderia acontecer que eles precisariam do tipo sanguíneo do meu filho?

Na folha seguinte estavam todas as atividades que seriam feitas, e aí foi inevitável, comecei a relacionar todas as atividades com transfusão sanguínea: atividades aquáticas? Bom, ele vai escorregar na beira da piscina, bater a cabeça ou a boca e sangrar horrores!

Cuidado com os animais? Ele vai puxar o rabo de um cachorro, levar uma mordida e sangrar horrores!

Oficina criativa? Ele vai pegar uma tesoura para recortar o papel, vai cortar o dedo e sangrar horrores!

Bom, independente da atividade, ela terminaria com “sangrar horrores”. Foi então que eu percebi que precisava ser racional. Finalizei o questionário, sorri para a moça que estava fazendo a inscrição, paguei e fui embora fingindo normalidade. No caminho para casa, passei na farmácia e comprei uma caixa de maracugina! 

O primeiro dia de atividades já aconteceu e ninguém sangrou horrores, mas tenho a sensação de que até o final da semana, uma caixa de maracugina talvez não seja o suficiente, pode ser que eu precise apelar para a vodka!

E para as mães que me lêem, fica a pergunta: se tem dias que eu e meu marido juntos não damos conta de um, quando vai chegar o dia em que eu vou confiar plenamente que 3 professores vão dar conta de 20 crianças durante 4 horas?

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