VENDE-SE (VENDIDO) >> Fred Fogaça



Qual é a da adversidade? 

Se descomprimi na necessidade de uma solução para que, só daí, sagaz, reafirmar-se na busca: de qualquer coisa. A cobra, com fome, come seu próprio rabo. 

Temos de assumir que a tranquilidade não traz consolo, não traz certeza – se você for inocente, não deve continuar a leitura. O pior é perene. 

Eu ter de vendê-lo era o meu morde assopra. 

Eu tê-lo vendido é meu pecado maior. 

Agora, o que? Se a mão pesada da burocracia me impedir o caminho, e irromper nos processos – kafkeanos, infinitos – e me atrasar o trato? Se o depósito de boa fé estiver ausente em fé envelope adentro? Se o tratante esvair, o que sobra? 

A praça conhece meu nome. 

Mas desconto seja dado, eu escrevo ainda de mãos à cruz, no calor desgraça; a hora exímia do paradoxo: me livrara, mas e agora?

Comentários

Sandra Modesto disse…
Cara, impressionada com seu texto. Parabéns!
Zoraya Cesar disse…
Sim, e agora? Também me impressiono com o Fred, Sandra, o Príncipe das Entrelinhas.
Nadia Coldebella disse…
Ouroborus, é o nome disso, de uma cobra se autodevora - me lembro de ter lido alguma coisa sobre ser esse um simbolo da eternidade.
Mas se o pior é perene, qual é a da adversidade?
Confesso que fiquei com medo...

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