HISTÓRIA DA ARTE INFANTIL >> Clara Braga

Criar um filho é uma arte! Com certeza você, tenha filho ou não, já ouviu essa frase antes.

E devo afirmar, quem criou esse dizer não estava nada errado. Criar um filho é uma arte literal, que pode, inclusive, ser dividida didaticamente em movimentos artísticos.

Logo que o filho nasce você abraça forte Salvador Dalí e entra de cabeça em um período surreal! Seus hormônios não permitem que você seja racional, você ignora o materialismo do mundo lá fora e se torna uma pessoa introspectiva que, apesar de lidar diariamente com elementos muito reais, se permite mesclar tudo isso com seus sonhos e acaba tendo resultados bem fora de contexto! Principalmente quando junto dos sonhos você inclui os medos e inseguranças! As novidades apresentadas a cada novo dia te fazem agir muitas vezes por impulso e a inexperiência te obriga a seguir seus instintos. E se você acha estranho que toda essa bagunça possa ser inspiradora, não só não conheceu as obras surreais como nunca reparou o quão empreendedora uma mãe pode se tornar.

Passados alguns meses ou até um ano, a privação de sono faz você ficar fisicamente entre o cubismo e o abstracionismo. Você já não se importa se não se parece consigo mesma e passa a compreender o significado de coisas nada realistas. O simples e a representação significam muito, cada choro, cada movimento, por menor que seja é carregado de informação. E é justamente nessa ligação que fica nítida a influência primitiva em nossas vidas.

Quando a criança chega nos dois anos, todos parecem voltar a ser indivíduos e, então, entramos no movimento futurista. Ignore a ligação ideológica fascista, nesse período parece que uma chave vira e você pode esquecer tudo que passou. De agora em diante a criança aprende tudo na velocidade da luz, muito cuidado com o que fala perto dela, pois ela parece realmente uma antena parabólica, pronta para captar e reproduzir tudo o que você diz e faz. Esteja sempre atento, pois um piscar de olhos é suficiente para perder alguma coisa. Sei que eu disse para esquecer a ligação fascista, mas pensando bem, nessa fase a criança pode se tornar tão mandona e autoritária que até faz lembrar umas figuras ditadoras... bom, deixa para lá, fazer essa comparação pode cair mal, vamos seguir.

Não sei o que me aguarda daqui para frente, são tantos movimentos que não sei mesmo o que esperar. Gostaria muito que depois de uma fase futurista entrasse uma fase mais contemplativa, com menos ação. Acho que um impressionismo cairia bem. Bom, vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.

Comentários

Sandra Modesto disse…
Parabéns, Clara. Criar filhos é uma arte. A gente vai lapidando, renascendo a cada dia. Linda crônica.

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