CAMINHOS >> Sandra Modesto
Ela tem a boca bonita
A cintura delgada
Os olhos cor de mel.
Brilho na alma.
Enche a bolsa de valores...
Livros, óculos, batons, celular e gosta de ouvir alguns sons.
Aquela rotina sempre encantadora.
Desce por uma rua deserta caminhando e olha atrás pra os lados e não tem ninguém.
Resolve correr com o que resta daquela manhã...
A visão turva o coração acelerado.
Vai! Cai!
O moço da oficina de bicicletas a socorre.
Tudo escuro. Bebe água respira e responde que está tudo bem
Agradece e continua andando. Muitos caminhos. Muitos sinais e tanta dúvida.
O médico disse que convulsão cerebral é...
Não interessa.
Nunca mais soube do cara que tinha o conserto de bicicletas. E ele foi tão gentil.
Depois de seis meses subiu andando e descendo aqueles rumos...
Na oficina de bicicletas, nada. Porta fechada. Nenhum rumor.
Quando se lembra do passado.
Quer o presente. Ou de repente um futuro.
Silêncios.
Até porque anda sonhando umas imagens estranhas.
Mas deixa pra lá.
A morte é uma certeza. Traiçoeira de dar dó.
Ri.
Já antecipa as cenas imaginárias.
- Morreu como passarinho
Será?
Morrer de morte morrida.
Morrer serena.
Morrer de bala perdida
Morrer por ter saído com batom vermelho, saia curta, decote profundo, a rua era escura, ninguém socorreu, acharam um corpo e o IML demorou.
A moça nunca mais caminhou.
Comentários
Dá um aperreio no peito, e um encanto nos cantos da boca que sorri. Linda!
Zoraya, Cris e Carla, minhas meninas. Vocês tocam o meu coração!