TANTA SAUDADE >> Sandra Modesto


 








 

Sempre que me lembro de Ana ela está bem ali. Esticada no sofá. Sumida ao esfregar das coxas grossas impostas no corpo feito tela moderna. 

Ana era assim. Aparecia às vezes. Debruçada em devaneios. 

O meu amor por Ana. Os abraços. Passeios pelas praças. Gente no mesmo espaço. Cheiro de natureza. Agora tá tudo forte. 

Há histórias meio roucas ainda. Há histórias inesquecíveis. Pessoas diferentes.

Pela varanda da casa, eu observo os vizinhos. Bato palmas, reaprendi a sorrir. 

Chamo Ana. Reencontros tão sonhados. 

Ruas enlouquecidas com pessoas se olhando de perto. 

Juventude pelos bares. Notícias novas. Sem demasia. 

O caminhar é a pé. 

Eu ainda estou aqui. Ana também. 

Dançamos. Gritamos felicidade. 

Pele, pernas, risos. E a gente pode gozar. 

 

O texto foi publicado nas revistas Ruído Manifesto e revista Torquato. O título do texto, coincidentemente, é o nome de uma música de Chico Buarque. 

(Imagem: Pinterest.com)

Comentários

Albir disse…
Quando os sentidos invadem a página com quase gosto e cheiro e toque.
Zoraya Cesar disse…
Nossa, Dom Albir disse tudo. Não vou estragar com meus comentários, que seriam pálidas cópias.

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