PROMESSA >> Whisner Fraga

 a menina choraminga uma severidade,

as gatas acuam meu embaraço reprimido,

uma boceja, cúmplice, irônica,

outra aperta as pálpebras, pilatos,

verdade que não vamos viajar?,

esta alfinetada debochava de diversos rituais:

- a ave maria de mãos dadas,

- os beijos quase inconvenientes,

- a mesa reunindo desarmonias camufladas,

- o silêncio e as trivialidades,

- os escândalos de novas crianças,

- o brinde a um morto de dois mil anos,

qual a compensação por um natal sem avós?,

a menina compreende os riscos, mas não aceita,

seremos só nós três, sem as primas?,

cinco, corrijo, as gatas contam,

é só este ano, arrisco, 

a menina se aproxima: você ainda posso abraçar, né?,

sempre. 

Comentários

Sandra Modesto disse…
Um indo texto para uma véspera de natal. Um natal restrito. Desconfigurado dos anteriores. Ainda assim é natal. E os abraços pulsam na casa da gente. Parabéns pela crônica.
Zoraya Cesar disse…
Whisner, se vc nao lançar um livro A Menina, as Musas jamais vão te perdoar.

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