PERGUNTAS DE SALA DE AULA >> Clara Braga
Aluno definitivamente é um bicho estranho. Nem eles sabem explicar o que se passa pela cabeça deles enquanto você está dando sua aula. E é justamente desse inexplicável limbo que surgem as melhores perguntas sem nexo.
Outro dia estávamos em sala discutindo sobre um documentário que havíamos assistido que falava sobre a importância dos africanos para a cultura brasileira. Então um aluno perguntou: professora, sabia que faltar trabalho as vezes faz bem? É bom para refrescar a mente! Hoje só temos a sua aula, os outros professores faltaram, você bem que podia faltar também não é?
Não sei dizer se ele aprendeu algo sobre a cultura afro-brasileira, mas com certeza não gosta muito das minhas aulas.
Já um outro, durante uma atividade prática cujo comando era criar um alfabeto inspirado no alfabeto egípcio, perguntou: professora, você acompanha futebol? – Não! – E seu marido, acompanha? – Sim! – Professora, qual o time dele? – Menino, você não acha que está perguntando coisa demais não? Você tem atividade para fazer! – Ixi, já vi que é vascaíno.
Qual a relação de um hieróglifo e o campeonato de futebol? Eu não sei, mas com certeza entendi o motivo do meu marido estar xingando o vasco há uns dias.
Para fechar com chave de ouro teve a menina que timidamente me chamou à mesa dela para tirar uma dúvida enquanto eu falava sobre a arte indígena. Pela cara dela e pelo fato de ter me chamado tão sem graça até sua mesa já imaginei que perguntaria algo como: os índios ainda existem? Ou então: os índios andam pelados? Perguntas comuns em todas as turmas, para minha tristeza. Mas para a minha surpresa ela não queria saber nada sobre os índios, a pergunta dela foi: professora, mulher virgem pode usar o.b?
É, depois não entendem porque professor é tudo doido, mas até o ministério da saúde já advertiu: buscar relação entre sua disciplina e os questionamentos dos alunos causa danos irreparáveis para sua sanidade mental.
Comentários