CHAPÉUS E... NOVELAS? >> Sergio Geia
Assistia
à TV Globo, uma reportagem sobre chapéus.
Por
falar em TV Globo, depois de muitas séries e séries da Netflix, voltei às
novelas. Culpa de Ubatuba, culpa do apartamento não ter tevê a cabo.
Voltei
porque já fui muito. Novelas de antigamente tinham uma pegada diferente. Julia
Mattos em “Dancin’ Days”, aquela
abertura deliciosa com “As Frenéticas”, o todo-poderoso Felipe Barreto,
personagem de Antonio Fagundes em “O Dono do Mundo”, a linda Marcia de Malu
Mader, a abertura genial com trilha de Tom Jobim, todas do craque Gilberto
Braga. “Roque Santeiro”, trilha musical das mais bacanas (tenho o vinil aqui),
“A senhora do destino”, Wilker, sempre Wilker, “A próxima vítima”, maravilhas
criadas pelo talento do artista brasileiro, e outras tantas.
Novela
de hoje não gosto, nem nome de novela tem, nome forte, que já conquista na
primeira chamada. “Amor à vida”, “Sol nascente”, “Tempo de amar”, “Joia Rara”,
“Além do horizonte”, “Sangue bom”, “Velho Chico”, “A lei do amor”, fraquinhos
de dar dó.
Mas
acabei vendo um capítulo de “O outro lado do paraíso” (desse nome eu gosto) em
Ubatuba, depois outro, outro, e o peixão aqui caiu na rede. Nessa última semana
ela foi só emoção. Fernanda Montenegro, sempre um
monstro de atriz; Marieta Severo, idem; Lima Duarte; são tantos. Glorinha Pires
(da lindinha, na cena de topless com
Maria Padilha em “Água Viva”, à atriz maiúscula de hoje), Sérgio Guizé, a Grazi
Massafera, que atriz se tornou, my God!, e essa menina chamada Bella Piero, não conhecia, Laura, que atriz fantástica, que emoção ela passa, Walcyr Carrasco conduzindo tão
bem a trama.
Deu
até para abandonar (temporariamente) “Suits”,
a Meghan Markcle (sempre uma princesa), e olha que eu estava amando.
Mas
voltemos ao chapéu, que é o assunto de hoje, não novelas.
Como
dizia, assistia à TV Globo, uma reportagem sobre chapéus. Eram muitos chapéus,
de todos os modelos, formatos, cores. Nesse Brasil que massacra sua gente, a
família se viu em desespero, sem emprego, sem dinheiro, sem perspectiva. Daí a
artista da família (como é bom toda família ter uma artista) resolveu criar
chapéus. A coisa deu tão certo, mas tão certo, que a família toda prosperou no
negócio, e hoje, a vida sorri a eles mais alegre, sempre com um belo adereço na
cabeça.
Na
hora, minha vontade foi me teletransportar, como naqueles filmes de ação de
antigamente, entrar numa máquina, apertar uns botões, sair aquela fumaça branca
e espessa, de repente, aparecer na lojinha da família no Rio, comprar um
chapéu.
A
empresa-família não fabrica chapéus, depois vi, apenas os enriquece com arte
pura, transforma um simples chapéu num chapéu personalizado. Usando lã, Emília
pinta corações de vermelho, escreve abstrações como “paz”, “amor”, “união”,
“sorte”, ou nomes de gente, Fê, Julia, Patrícia, ou coisas do tipo “sou
carioca”, junto com um desenho do Cristo Redentor de braços abertos, ou “sou
mãe”.
Na
semana passada, em Ubatuba, quase comprei um panamá. Na praia, o vendedor
passou, mas estava longe, fiquei com preguiça de chamar.
Sempre
que vejo alguém de chapéu, me dá vontade de ter um. Num carnaval, anos atrás,
Ayl Godinho usava um alegre (e há chapéu triste?), Paulo Pereira sempre que
pode tem um, Haley Carvalho postou fotos em Arraial D’Ajuda com um pequeno e
lindíssimo.
Mateus
Solano usava um chiquérrimo em “O menino no espelho”, Johnny Depp tem uma
coleção. Aliás, há personagens aclamados no cinema que não largavam um
chapeuzinho. Heisenberg, por exemplo, com aquela cara de mau em “Breaking bad”, um pork pie preto bacanérrimo; Jack Sparrow e Willy Wonka, do próprio
Depp, Indiana Jones, do Harrison Ford,
Charles Chaplin e seu Carlitos, Don Draper, de Jon Hamm, em Mad Men. Tantos, tantos, lindos, gosto
até da ushanka (mas só se eu fosse
para a Rússia no inverno).
Chapéus,
chapéus, chapéus.
Minha
vontade de comprar um chapéu hoje me tirou do prumo, me fez levar você às
novelas e aos chapéus.
Sorry,
de coração.
Mas
neste carnaval preciso de um chapéu.
Comentários
Texto deveras aprazível, Sergio Geia!
PS - Em "Tempo de Amar", a presença de uma "designer de chapéus" rs Dê uma espiadinha por lá!
Nunca entendi bem, mas como era um sujeito sábio, imaginei que quando chegasse à idade dele eu entenderia. Ainda estou no processo.
Texto bacana, lerei de novo.