DENTRO DE MIM >> Eduardo Loureiro Jr.

Na hora de escrever, meu amigo Manu Kelé me manda um poema:
Dentro de mim
Um caminho sem fim,
com flores e cheiro de amor.
Dentro de mim
Profunda beleza,
Na certeza do teu calor.
Dentro de mim
Infinito desejo,
No beijo que a memória guardou.
Dentro de mim
Você linda estrela,
Teu céu me apaixonou.
Eu ouço "Pega o violão". E pego o violão. E o violão escuta "Pega a harmonia". E pega a harmonia. E minha voz canta o que ouve e preenche as palavras que não estavam no poema mas que está na canção.
E eu bem que poderia, antes de tudo, ter guardado o poema com desculpa de escrever a crônica, talvez colocando uma etiqueta: "encontrar melodia". E teria perdido a melodia que me encontrou. Ah, o medo de viver a vida assim, ao sabor do cheiro da comida que outro preparou. Ah, o medo de perder a chance, e perdê-la — mesmo — pelo medo de a perder.
Mar de Ulisses, mar de re-mar. Mar de Penélope, mar de a-mar.
"A gente não sonha, a gente vive." O sonho não precisa se realizar — já é real. O bem, o bem, sempre o bem. Nunca o mal.
A melodia não é a mais bonita, eu sei, é só a certa melodia — meio-dia — da canção. A pino, à plena luz, a claridade da certeza. Tudo é claro. A letra branca sobre a folha branca ainda se vê... quase não se vê... está sempre lá mesmo sem ser vista. Tudo é claro. O escuro vem da sombra ancelha, ancestral, do sobre-olho de quem lê.
Medida justa de tudo é leveza de felicidade.
Comentários
Débora, continue ouvindo os sussurros do mar da Praia do Futuro.
Gostei de saber desse nascimento... Dessa melodia... Desse poema que se achegou da sua música.