BOLAS DE MEIA >> Eduardo Loureiro Jr.

Ela envolveu a bola de papel numa meia sem par — como quem acompanha o passo dos homens da família mesmo depois que eles esqueceram as meias em lugares impossíveis de achar.
Ela costurou o tecido — como quem costura a tarde, a memória, os personagens de suas contas de histórias.
Ela segurou a mão do menino — como quem abre a terra.
Ela colocou na palma da mão dele uma bola de meia — como quem planta a semente da esperança.
Assim ela fez, bola por bola, menino por menina.
E, no seu campo plantado, as crianças e os adultos arremessavam as bolas de meia, que eram recebidas a metros de distância — e arremessadas novamente. Por horas.
As bolas voando cada vez mais alto, chamando os pássaros que voavam cada vez mais baixo. Bolas de meia e pássaros atravessando o céu nublado do crepúsculo: água amassada, costurada em nuvem, pronta para ser arremessada à terra.
À noite, os pingos de chuva lançados da borda do telhado — estrelas cadentes na escuridão do céu — eram recebidos na palma sem cansaço da minha mão.
Ela, A que costurou a chuva... Ela, A que conhece todas as histórias... Ela, para quem somos todos crianças... Nossa, querida, Senhora, que linda bola de meia é esta em que a gente mora!
Comentários
Foi bom ler esse teu texto, porque ele me tirou do universo do Sienfield e me levou a um outro... A um rico em sentimentos. Falo da canção "Bola de meia, bola de gude" de Milton Nascimento e Fernando Brandt:
"Bola de meia / Bola de Gude / O solidário não quer solidão / Toda vez que a tristeza me alcança / O menino me dá a mão"
A emoção foi muito forte ao ler a sua crônica. Gostei muito.
Ser a personagem dela é gratificante.
Um dos meninos(Tiago, de 3 anos),cantava o tempo todo "bola de meia, bola de gude...". Ao final da brincadeira ele me peguntou:"- Você sabe fazer bola de gude também?"
Ser mãe de 6 filhos, guardar as meias sem par, também é guardar histórias. De tempos em tempos, guando faço asa bolas, também as revivo.
Um abraço. Elaine
Há tanto para amassar e jogar dentro das minhas bolas de meia...
Adorei.
beijos
Marisa, de tanto desejar o livro, vai acabar conseguindo um. :)
Eita, Elaine, agora quero ver o que é que você vai transformar em bola de gude. :)
Ana, amasse bem amassadinho e brinque de ser feliz. :)
que bom que neste mundo
temos os poetas para dar VIDA,
através da POESIA,
as coisas do cotidiano,
as coisas simples e encantadoras,
os bons sentimentos,
a natureza...
Que as nossas cças possam
sentir mais prazer em ter nas
mãos mais bolas de meia, de gude,
pular corda, amarelinha, bolinha
de sabão...
SEJA BEM VINDO.
Luciana de Oliveira
Que texto sensível. Gostei muito. Parabéns!
Fernando
Grato, Fernando. :)
Goostei da sua crônica ;D
siiinceramente: boom :)
só acheeii que pooderia ser um pouco melhor ;p
:*
Julia
Pra falar a verdade, não entendi direito a história, mass...
=D Booom
Parabéns.
Klaus
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