PERSONAL >> Sergio Geia
Sem perder tempo contratei uma personal. Conversamos. Ficou de montar os treinos e mandar por aplicativo (tudo tão moderno). Mas para isso, me pediu fotos, de sunga ou shorts (estranhei).
Ela me mandou via zap 18 fotos de um jovem rapaz. Eu teria de fazer igual. Era parte do processo de avaliação inicial e preparação dos treinos.
Mesmo considerando as diferenças de idade e condições físicas (o rapaz era magro e jovem), foto a foto, até que não achei difícil (eu estava olhando). Talvez uma mais complicada, talvez duas. Não conseguiria a perfeição dos movimentos como ele, isso para mim estava claro. Mas, no geral, tranquilo. Chamei meu filho, o fotógrafo da vez. Bora trabalhar, menino?
Em pé, com os braços rentes ao corpo; de um lado, do outro, com os braços pra cima (bem tortos, por sinal; os do rapaz eram retinhos). Dobrando pra trás umas das pernas, depois a outra. Flexionando as pernas e esticando o tronco à frente, inclusive braços na horizontal. Por fim, movimentos no chão.
Sempre caminhei, corridinhas de percursos pequenos, mas esses tipos de movimento com braços, pernas, tronco, me são absolutamente estranhos, não os vejo desde o tempo ginasial. Para você ter uma ideia, o simples deitar no chão com o corpo esticado e os braços para trás me foi extremamente difícil. Agora pense em movimentos como alongamento de posterior, de adutores, posteriores, tríceps, elevação de quadril, agachamento tipo taça, pranchas, agachamento sumô, flexões, abdominais, remadas, e tudo mais que ela me prometeu?
Estou preocupado.
No dia seguinte às fotos (eu disse, no dia seguinte às fotos), acordei dolorido.
Penso (não sou burro, nem ingênuo): se inofensivas fotos na sala de casa já me causaram tamanho estrago, o que será de mim depois?
Mania essa que a gente tem de pensar.
A personal, competente, vai saber cuidar de mim. É o que basta.
Oremos.
Ilustração: Pixabay
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