AS IRMÃS >> Ana Raja
Pensei no parágrafo final do meu livro, a despedida entre duas irmãs.
Aquela foto ocupa um espaço isolado na minha memória. É como se existissem gavetas específicas no meu cérebro: as armazenadoras de lembranças boas e ruins.
Um traço marcante da minha personalidade: para mim, tudo que significa término é fim; não tem volta. Não sei se posso me orgulhar disso, mas o que passou, eu esqueço. Não que eu tenha esquecido dela. Ela ainda circula nos meus sonhos, tomo decisões pensando em seus ensinamentos, mas não descarto o entendimento frio da morte. Talvez seja uma proteção.
Talvez.
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“Laura, não posso ficar nessa janela com você, eu preciso partir, você acha que tudo terminou?
Não sei, Ana. O meu coração está arrasado. Só posso dizer que o impossível foi feito, eu vou ficar por mais um tempo. O céu maculado e cheio de estrelas acalma a minha dor.
Vai, pode ir. Vou ficar olhando você.” (As dores delas, 2024)
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