AS IRMÃS >> Ana Raja


O Facebook trouxe de volta uma foto publicada há doze anos. Nela, minha irmã Ivete e eu. Ela não está mais aqui. Logo depois daquele passeio que fizemos juntas, acabou. Ela acabou. Mas ficou, entende? 

Pensei no parágrafo final do meu livro, a despedida entre duas irmãs. 

Aquela foto ocupa um espaço isolado na minha memória. É como se existissem gavetas específicas no meu cérebro: as armazenadoras de lembranças boas e ruins. 

Um traço marcante da minha personalidade: para mim, tudo que significa término é fim; não tem volta. Não sei se posso me orgulhar disso, mas o que passou, eu esqueço. Não que eu tenha esquecido dela. Ela ainda circula nos meus sonhos, tomo decisões pensando em seus ensinamentos, mas não descarto o entendimento frio da morte. Talvez seja uma proteção.

Talvez.

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“Laura, não posso ficar nessa janela com você, eu preciso partir, você acha que tudo terminou?

Não sei, Ana. O meu coração está arrasado. Só posso dizer que o impossível foi feito, eu vou ficar por mais um tempo. O céu maculado e cheio de estrelas acalma a minha dor.

Vai, pode ir. Vou ficar olhando você.” (As dores delas, 2024)

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