O RAPAZ E O VIOLÃO >> Sergio Geia
Algumas cordas desafinadas. De ouvido, afinei-as. Então comecei a cantar Como é grande o meu amor por você.
Para um instrumentista amador como eu, a falta de prática leva ao esquecimento da letra e dos acordes. Esqueci muitas canções. Precisava olhar a letra, lembrar a cifra, quase sempre consultando velhos caderninhos que eram vendidos em banca de jornal (hoje não mais. Google). Mas esse tipo de esquecimento não acontece em Como é grande o meu amor por você. Posso ficar anos sem pegar o violão. Quando pego, a canção surge, suave e precisa, letra e acordes.
Ao sair do banheiro — ela estava se maquiando —, olhou-me com seus olhos verdes. A término de Como é grande o meu amor por você, ambos, ela e os olhos, sorriram para mim.
Outra lembrança. Eu tinha 12 anos e estava na igreja, o casamento começava. A música da cerimônia era feita por um jovem e seu violão, nada mais. Sem orquestras, corais, conjuntos, vozes, microfones.
Ele começou a cantar Como é grande o meu amor por você quando a noiva surgiu na porta da igreja. Após o final da celebração, presenciei o jovem cantor levar uma bronca da organista chefe da igreja. Naquele tempo, não se admitia música profana em espaço sagrado.
Talvez tenha sido aquele rapaz que me inspirou, ainda adolescente, a querer aprender a tocar violão.
Ilustração: Pixabay
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