VOCÊ JÁ SE AGRADECEU? >> Clara Braga

Quem me acompanha aqui sabe que eu sou viciada em premiações. Com a maternidade dupla, ficou mais complicado acompanhar tudo ao vivo, mas uma das vantagens das redes sociais é que, se você seguir os perfis certos, você fica por dentro de tudo mesmo sem conseguir assistir ao vivo, e é isso que eu tenho feito.

Esse último final de semana teve o VMA, uma premiação super nostálgica, já que foi uma das primeiras premiações que comecei a assistir quando adolescente para torcer pelos meus artistas favoritos.

Como eu disse, não assisti ao vivo, mas duas notícias sobre a premiação me chamaram a atenção. A primeira foi o retorno do N´Sync. Foi um misto de nostalgia com: será que esse tipo de "banda" ainda funciona em pleno 2023? Aguardemos!

A segunda foi a vitória da Anitta na categoria de Melhor Clipe Latino. A Anitta é aquela artista que até hoje eu acho que só ouvi mesmo umas três músicas dela, o show das poderosas e outras duas, mas sempre acompanho as notícias do mundo da música e ela sempre aparece sendo muito elogiada pela forma como ela mesma administra a própria carreira.

E é justamente nesse ponto onde eu quero chegar. Tudo que vejo sobre ela - e que não foi escrito por alguém mordido pelo fato dela ser uma mulher que alcançou uma posição normalmente ocupada por homens - é sempre nesse sentido de elogiar o quanto ela aprendeu sobre a parte de produção musical para poder se lançar no mundo da música, sobre o quanto ela sabe exatamente o que está fazendo, sobre o fato de, independente de você gostar ou não de funk, ela é ótima no que faz.

Então, em seu discurso, ela fez aqueles agradecimentos clássicos ao público que votou nela, aos fãs que acompanham sua carreira, aos outros artistas que estavam ali, à sua equipe, afinal ninguém faz nada relevante sozinho nesse mundo, e, ao final, ela agradeceu a si mesma, porque ela trabalhou muito para chegar até ali.

Com certeza algumas pessoas perderão seu tempo dizendo que ela foi egocêntrica ou algo do tipo, mas vou dizer: foi a melhor parte do discurso. É isso mesmo, nós não somos Anittas, mas a gente rala muito todo dia pelas nossas conquistas, somos criticadas no meio do caminho quando não fazemos o que os outros esperam de nós, somos questionadas quando abrimos mão de certas oportunidades visando outros caminhos, temos medos, temos dúvidas, pensamos em desistir e, quando finalmente alcançamos nossos objetivos, temos que agradecer apenas aos outros?

De agora em diante, quando eu conquistar algo pelo qual eu batalhei, vou fazer igual a Anitta: vou agradecer a mim mesma pelo meu esforço, pela minha coragem de seguir, pela minha força de vontade, por enfrentar meus medos, por conseguir calar aquelas vozes que ficam mandando a gente desistir e também à todas as pessoas que caminham comigo, mas não só a elas, afinal, quem caminhou fui eu!

Comentários

whisner disse…
Muito bom, Clara! Bela crônica. Será q N'Sync ainda rola nos dias atuais? também me pergunto. Aprendi há um tempo que devemos sempre agradecer e perdoar, inclusive (ou principalmente) a nós mesmos.
Jander Minesso disse…
É muito louco isso, né Clara? Parece até que orgulho é um pecado capital. Aí vira uma barreira dentro da gente. Mas a Anitta tá certíssima e você também.
Nadia Coldebella disse…
N'Sync foi a notícia mais curiosa do ano.
A sua crônica é muito boa. A gente se fecha num padrão de humildade bem hipócrita, aquele que diz pra não olhar pra si. Mas isso é mentira, né? Porque a palavra humildade, na raiz, significa ser inteiro, integro. Quem é integro sabe reconhecer o que é seu e o que não é.
Então palmas pra Anitta. Vamos seguir o exemplo.
Bjs
Concordo com você Clara! Uma vez depois de sessão de meditação fomos instruídos a agradecer nosso corpo, nossa mente e nosso coração pela prática. Desde então toda vez que medito ou faço yoga, depois de agradecer aos meus mestres, agradeço a mim mesma também 💖
Albir disse…
Verdade, Clara! Nossas conquistas não caem do céu. Agradeçamos aos outros, mas também a nós.

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