RARAS OPORTUNIDADES >>> Nádia Coldebella

Hoje é quinta-feira de Natal, dia da minha publicação.

Fiquei pensando nessa data e na ideia de oportunidade. Publicar numa quinta-feira de Natal é algo raro — ainda mais porque faço dobradinha com o Whisner, esse sortudo, que vai publicar na quinta-feira seguinte, dia 1º de janeiro.

Nessa história de oportunidades, fui pesquisar: quando será a próxima vez que publico numa quinta-feira de Natal? Se eu aguentar firme nesse blog por mais doze anos, será em 2037. Isso, claro, se eu ainda estiver viva até lá. Já publico há quase sete anos, então, até aqui, posso dizer que tive sorte.

Oportunidades reais são raras. Acontecem de tempos em tempos — talvez de doze em doze anos, como essa. Outras acontecem uma única vez na vida, como um grande amor. Ganhar na Mega-Sena não entra nessa lista, pelo menos não na minha. Esse tipo de sorte, para mim, deve acontecer a cada quinze vidas.

Existem aquelas oportunidades que a gente cria, claro. Elas são importantes, necessárias até. Mas não têm o mesmo sabor daquelas que surgem por acaso, por destino, por sorte… ou por algum capricho do universo.

Algumas oportunidades são raras demais: um amigo fiel, uma vida plena. Uma vez conheci alguém que disse nunca ter experimentado a tristeza. Procurei na história daquela pessoa algum trauma, uma decepção, uma paixão mal resolvida. Nada. Era uma vida sem grandes rupturas, sem dores profundas.

Talvez essa seja uma das oportunidades mais raras de todas: nascer intocado. Ou, quem sabe, ter uma mente tão elaborada que não se deixa ferir como a maioria de nós — humanos comuns, que sentimos, sofremos e, muitas vezes, nem conseguimos elaborar o que sentimos.

Existem também aquelas oportunidades que se parecem com uma abertura de olhos. Como viver a vida inteira no escuro e, de repente, enxergar. Dói. Dói muito. Mas é necessário. Não é tão raro quanto parece, mas quase sempre é evitado. Porque, para muita gente — e eu me incluo nisso por muito tempo — é mais confortável fechar os olhos do que encarar a verdade.

Hoje é Natal. Acontece uma vez por ano. E o Natal carrega essa ideia de renascimento, de recomeço. O Cristo que nasce. A promessa de um novo ciclo, que oficialmente começa em janeiro.

Tenho pensado em como será meu 2026. Que oportunidades ele vai me trazer? Será um desses anos em que as coisas se alinham? Ou será um ano em que tudo precisará ser construído à força, com planejamento, esforço e persistência?

Pelo andar da carruagem, acredito mais na segunda opção. Vou precisar criar minhas próprias oportunidades. Trabalhar por elas. Abrir caminhos. Mas isso não faz de 2026 um ano ruim. Faz dele um ano real.

Sinceramente, não quero usar a força. Quero que 2026 seja, para mim e para todos nós, um ano de raras oportunidades — dessas que se alinham em silêncio e se oferecem no tempo certo, prontas para serem colhidas.

Comentários

sergio geia disse…
Delícia de crônica. Feliz recomeço pra nós.

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