VOCÊ JÁ SE ACALMOU? >> Clara Braga

Outro dia assisti a uma entrevista da atriz Mônica Martelli. Quando ela foi questionada sobre como lida com a culpa materna, ela disse que logo que a filha nasceu, alguém falou para ela: parabéns, que sua filha seja bem-vinda e saiba que você vai errar.

Desde então, é assim que ela lida com a culpa, aceitando que maternidade e erros andam juntos de mãos bem dadas. 

Eu digo mais, acho que além de aceitar que eu vou errar, tenho que aprender a ignorar comentários alheios, pois perante a sociedade, a imaculada mãe não erra nunca, ela é puro amor.

Foram a essas ideias que eu me apeguei outro dia quando passei do ponto com meu filho. Ele fez uma coisa que eu não esperava, que era muito errada e na hora eu perdi a linha, não soube lidar com a surpresa da situação.

Ele foi para o quarto chateado e eu fui me acalmar no meu canto. Lá pelas tantas, fui surpreendida com a chegada dele. Ele fez questão de chegar de braços cruzados e cara amarrada para mostrar que estava chateado comigo. Eu ainda não tinha conseguido me acalmar completamente, mas fiquei quieta para ver onde aquela cena ia chegar.

Então ele, a criança de 5 anos da relação, disse: mãe, você já se acalmou? Quero falar uma coisa! Eu definitivamente não estava calma, mas fiz questão de respirar fundo e dizer que estava me acalmando, pois queria saber o que ele tinha para falar.

Ele seguiu: eu sei que errei muito, me desculpa mesmo, de verdade. Mas o que você fez também não foi certo e eu quero que você me peça desculpas porque eu estou muito chateado.

Eu fiquei completamente surpresa com aquela atitude, ele estava sendo muito mais maduro do que eu naquela ocasião. Claro que pedi desculpas e tudo se acalmou, mas a situação toda mexeu muito comigo, principalmente a surpresa que tive com a forma como ele buscou resolver tudo, e acabei refletindo bastante sobre aquele momento.

No fim, fiquei feliz ao perceber um amadurecimento meu também. Acho que pela primeira vez nesses 5 anos da minha jornada de mãe eu consegui não me culpar por não agir da melhor forma. Ao invés de ficar remoendo meu erro, fiquei feliz pelo meu acerto, afinal, se meu filho chegou ao ponto de conseguir resolver uma situação conturbada dessa forma, alguma coisa certa eu fiz, não é mesmo?