CONFORTO >> whisner fraga

a paineira e um redemoinho de cores,

a manhã desliza pelo vento, esperando essa contemplação,

as pessoas tombam como gravetos, mas lá fora,

os disparos, as fomes, as violências não alcançam o quarto,

ao menos hoje, quando a beleza estremece,

mesmo com as janelas imitando fronteiras, é tudo macio,

a menina e as músicas incomuns,

as ninharias inesperadas,

e tudo é do tamanho de uma ansiedade,

menos o tempo e suas teias derramadas vida afora,

a menina ainda não percebeu a brutalidade das horas,

a menina e seus desenhos interpretando vastidões,

o eco de um ronronar,

a ressonância de corpos demolidos, mas lá fora,

os dias atravessam o vidro e esmagam cuidadosamente os ciclos,

e os olhos se acovardam diante da verdade,

o que fazer, menina, se todos caem?,

onde arrumaremos mãos para erguer essas carnes desprezadas?,

é justo que tudo fique lá fora?.

Comentários

Zoraya Cesar disse…
Que a menina possa ainda desenhar vastidões e ouvir ecos de ronronar por um bom tempo ainda.
Albir disse…
A menina desenha vastidões porque são os seus domínios. Ainda não a prendem o quarto nem as portas.

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