COMO ESTRAGAR UM ALMOÇO?? >> Clara Braga
Quando eu tinha 16 para 17 anos, tive um colega de sala que era vegano. Ele vivia mostrando para a turma aqueles vídeos de como matam os animais para produzirem o alimento, ou sobre o quão desumano é o local onde os bichos ficam até serem abatidos, ou até sobre o quanto os hormônios liberados pelo estresse do animal são prejudiciais para quem come. Enfim, ele mostrava todo tipo de vídeo, e eles eram de fato informativos, mas também eram bem chocantes.
Eu, depois de um ano estudando com esse cara, comecei a olhar diferente para o pedaço de carne no meu prato. Comecei a sentir nojo e não consegui mais comer. Não cheguei a ser vegana, mas passei dois anos da minha vida sem comer nenhum tipo de carne.
Mas, o que deveria ser uma atitude legal, virou um problema, pois nessa época eu tinha um paladar bem infantil e super seletivo. Era uma vegetariana que não comia vegetais. Minha alimentação era basicamente à base de arroz e soja. Resultado: fiquei anêmica e acabei optando por voltar a comer carne e não investir em comer brócolis.
Depois dessa época, nunca mais tive contato com o cara e nem sei se ele ainda defende o que defendia. Também nunca mais assisti a esse tipo de vídeo, embora seja uma pessoa que se informa sobre o assunto. E também melhorei muito minha alimentação, principalmente depois de me tornar mãe, e isso inclui o aumento do consumo de verduras e legumes e a redução do consumo de carne.
Porém, um dia desses, me deu uma vontade de comer frango assado. Fiz uma boa farofa, salada e comprei o frango.
Quando coloquei na mesa do almoço, meu filho se surpreendeu e disse: ué, parece até uma pessoa amarrada!
Só esse comentário nada agradável já diminuiu meu apetite. Mas, crianças não são de parar na primeira frase, então, depois de eu explicar que não era uma pessoa, ele disse: que bom, não é pessoa nem bicho de verdade, é comida!
Automaticamente fui levada para os tempos de escola e relembrei aqueles vídeos que assisti. Não tive coragem de contar que o frango que a gente come é um bicho de verdade, não sei se tenho maturidade para essa conversa. Mas o almoço, esse já tinha perdido a graça e virou só farofa com salada.
Comentários
De fato, Clara, a mater/pater nidade testa diariamente nossa consistência, a qual reputávamos como inabalável.
Não me diga que a sobremesa foi o vinagrete.
HAHAHAHAHAHA