SERENIDADE >> Whisner Fraga

a menina cisma a sintaxe do tabuleiro,

eu, encantoado no quarto, sussurro um alvoroço,

é complexa a agitação introvertida,

a menina alinha as peças e me convoca:

vamos jogar?,

eu soslaio um desumor, uma impaciência,

mas reconheço a luminância dessa interrupção,

a hora da companhia, do afeto,

a exumação de fantasmas inomináveis,

a sombra íntima escavando ansiedades taciturnas:

vamos jogar,

as torres, os bispos, os peões querem nos contar,

querem, em agilidades desiguais, nosso silêncio,

e a menina sabe que o silêncio, às vezes, é uma gentileza,

como um abraço.

Comentários

Zoraya Cesar disse…
"a hora da companhia, do afeto,

a exumação de fantasmas inomináveis,

a sombra íntima escavando ansiedades taciturnas:"

uau!

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