ENTRE ESPINHOS >> Ana Raja
O espinho de um cacto furou a pele do meu braço. Sangrou, arroxeou ao redor da dor.
Passei a língua na tez ofendida pelo padecimento para estancar o sangue, mas a ardência provocada pelo espinho me trouxe uma revolta, um sofrimento anormal.
Eu só sentia dor.
O suor nervoso escorria pela minha testa. Não encontrava uma forma de amenizar o que sentia. Estava apegada ao desaforo do espinho, por ele ter reivindicado o direito de me ferir. Respirei em pausas, do jeito que se aprende na ioga. Fechei os olhos e tentei me acalmar.
Alguns segundos depois, meus olhos cegos de dor foram descortinados para encontrar uma flor amarela e brotos rosas a florir entre espinhos.
Comentários
Que beleza, Ana!
Que crônica linda , dolorosa e poética!!!