SOBRE FOGOS DE ARTIFÍCIO E O FUTURO >> Clara Braga

Outro dia, conversava com umas amigas sobre nossas escolhas profissionais. Mais precisamente, sobre como nossa família reagiu ao anuncio das nossas escolhas.

Quando eu disse que seria artista plástica, ninguém se opôs diretamente, mas também não soltaram fogos de artifício! Não julgo, eles estavam preocupados com as possibilidades reais de trabalho para artistas aqui no Brasil, uma preocupação 100% plausível.

A questão é que todas nós, que escolhemos profissões que não fazem as pessoas soltarem fogos de artifícios, acabamos combinando com nós mesmas que quando chegar a vez dos nossos filhos escolherem, vamos aceitar numa boa, afinal, o importante é ele estar feliz.

Mas depois fiquei pensando, será que isso é possível? Acabei achando muito doido prometer uma coisa dessas! Vocês já pensaram no quanto as profissões e carreiras estão mudando? Não saberia nem dizer quanto dinheiro um youtuber de sucesso ganha, mas com certeza é infinitamente mais do que eu, mas acho que se meu filho disser que quer ser youtuber, eu não vou saber nem como reagir!

E se o momento for dos dançarinos de tik tok? Uns sonham em ser bailarinos do municipal, outros em criar as coreografias mais descoladas do aplicativo, por que não?

Ou então ele decide ser assessor de criador de conteúdo. Eu tenho dúvidas reais se entendo o que um criador de conteúdo faz, será que vou compreender o que seu assessor faz?

E se ele quiser ser coach? Nossa, meu coração acelera só de pensar na possibilidade.

Isso sem contar que a tecnologia avança de tal forma que existe uma chance real de ele escolher uma profissão que simplesmente não existe ainda! Agora, será que eu, que ainda tenho dificuldades de mexer no instagram, vou conseguir acompanhar essa evolução?

Enfim, desde que comecei a pensar nisso, passei a pesquisar sobre as profissões do futuro e, a grande maioria, não sei nem pronunciar. Acho que se quero ser a mãe "de boa" que aceita a escolha profissional do filho sem questionar se ele tem certeza do que está fazendo, tenho um longo caminho pela frente.

Ah, mas claro que existe sempre a chance de eu aprender sobre essas profissões do futuro, estar super por dentro de todos os assuntos e ele decidir ser economista ou advogado, afinal, se não for para quebrar nossas expectativas e nos tirar da zona de conforto, os filhos nem sairiam da nossa barriga. 

Comentários

Nadia Coldebella disse…
Minhas filhas logo logo vão escolher uma profissão. Pra minha sorte, acho, uma quer ser bióloga e a outra tende para as artes. Mas ainda é cedo pra comemorar.

Eu até hj não decidi, embora já seja psicóloga há 21 anos.

Acho que o caminho não é orientar o filho para uma profissão. É oportunizar o máximo de experiência e informação, além de muito diálogo, para que ele encontre um caminho. Que não precisa ser pra sempre,diga-se de passagem.

Se a gente não falhar nisso já é uma grande coisa!

Bjao
whisner disse…
Ri muito aqui com a parte do coach! Lá em Minas é muito comum que os pais escolham as profissões dos filhos. Há os rebeldes, claro, mas são minoria. Boa crônica.
Zoraya Cesar disse…
Divertida e leve. E nos faz pensar o qto, de repente, nossos pais não influenciaram nossas escolhas.
sergio geia disse…
Poxa, Clara, adoro o jeito que você escreve. Não só o estilo, mas também a sua pauta, digamos assim. Adorei aquela sobre o filme "A filha perdida". Assisti ao filme e me impactei com ele. Você talvez seja uma das únicas de nós que trata o cotidiano sem máscaras, sem metáforas, que está atenta aos movimentos do mundo, que compartilha com a gente a sua visão de mundo, de artista, escritora, mãe, esposa, mulher, isso é a diversidade que achamos aqui. Essa é mais uma. Pior que a escolha talvez seja a sensação de falta de caminhos, de o que fazer, o que escolher. "Eu não sei o que quero fazer..." Aí o bicho pega. Beijos!
Albir disse…
Que beleza, Clara! Também fico perdido na internet, e seria um fracasso se tivesse que auxiliar hoje os meus filhos sobre profissões.

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