A HUMANIDADE CONTINUA NA MESMA >> whisner fraga


existe uma rede de solidariedade artística ou somos todos umbiguistas mesmo e é isso? - no início da pandemia, me lembro de vaquinhas, de grupos de apoio, mas tenho a impressão de que os trâmites não passaram de contabilidade: só o departamento financeiro foi acionado, a recompensa foi boa, mas não alcançamos o equilíbrio. claro, que com um viés humanitário e uma roupagem identitária. foi bonito, mas será que não foi moda? passados dois anos, é óbvio que a humanidade não chegou ao nirvana, a caravana seguiu e os cachorros foram jogados na rua, porque ninguém pensou no preço da ração antes de sair postando fotos com os animais, no instagram. as redes sociais, nessa disputa, lucraram razoavelmente. uma denúncia aqui, uma transgressão ali, uma conivência acolá agitam qualquer bolsa de valores, mas, a médio prazo, os ricos ficam mais ricos. as redes sociais que, via de regra, são usadas para a prática da egolatria: os tempos são velozes, mas a empatia se mantém no ritmo dos caracóis. noves fora, a estatística manda focar no proveito mútuo, o consagrado ganha-ganha, mas o desânimo atocaia, arremete e vence. o propalado meio artístico é um meio humano e, bem, as gentes estão aí, elegendo presidentes e comendo cinquenta e cinco quilos de carne ao ano. estamos com medo?, óbvio, mas cada um é motivado por seu próprio pesadelo. defendo todas as pautas artísticas e sei que há aquelas mais importantes, atualmente, e deve ser assim mesmo, mas acho que essa agenda podia ser permanente: uma teia de conveniência - eu ajudo você e você me ajuda e, unidos, a arte triunfa. que tal?


(tirei a imagem do pixabay, sem atribuição de autoria)

Comentários

Nadia Coldebella disse…
Eu andei pensando que são tempos complexos ou talvez seja a gente que se esconda atrás da porta, fingindo santidade e não consegue ver o óbvio: é assim mesmo. É assim mesmo? Espero que não.

Um texto intrigante esse seu. O ritmo acelerado que vc consegue me deixou ansiosa no final. Muito bom.

Gde abço, Whisner
sergio geia disse…
"umbiguistas " "egolatria", a nossa cara desvendada com pessimismo que, infelizmente, comungo. É pensar que a verdadeira felicidade você encontra no "servir".
Albir disse…
A arte tem potencial para ser solidária. Mas só quando deixar de ser mercadoria que vende, lacra, monetiza. Ainda está no terreno da utopia.

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