O MUNDO AO CONTRÁRIO?
Estou de volta depois de um período de recuperação de energias, embora sem mar. Ah, como preciso de mar para me recuperar de verdade! Meus banhos foram derretidos pela pandemia.
Manhã ensolarada neste janeiro de 21. Sobre a minha mesa o segundo copo de água alcalina; preciso de pelo menos seis. Depois, mais tarde, vou pra sacada à cata de sol; preciso de pelo menos dez minutos. Foi o que disse o médico outro dia: é bom para a imunidade. Em tempos de coronavírus, tudo o que é bom para a imunidade me interessa. Beber muita água, tomar sol diariamente entre 10h e 16h por 10 minutos, fazer atividade física, alimentação equilibrada, deitar os pés descalços na terra ou na grama, respirar fundo. Como acredito em tudo isso, eu tento incorporar.
O ano começou com a triste notícia da morte do padre Ticão, uma referência na Zona Leste de São Paulo pelos seus trabalhos sociais. Uma de suas principais bandeiras era a luta pela legalização do uso da cannabis para fins medicinais. Rola muita hipocrisia nessa história. Você já parou pra pensar que a cannabis é uma planta? Sim, uma planta. É tão planta quanto o agrião, a alfazema, o capim-limão, o coentro, o guaco, o jaborandi, o boldo, a camomila, a carqueja, o guaraná, o tamarindo, a erva-cidreira, a erva-doce. Então por que tanta confusão?
Já existem mais de 600 estudos científicos comprovando seus fins medicinais. Pessoas que sofrem de epilepsia, Parkinson, ansiedade, dores crônicas, autismo poderiam se beneficiar de seus atributos curativos. A ONU retirou da lista de drogas a cannabis, reconhecendo o seu caráter medicinal. Países como Argentina, Uruguai (que legalizou também o uso recreativo), Chile, Colômbia, Canadá, Holanda, Espanha, Itália, Portugal, Alemanha, dentre outros, já permitem inclusive o plantio para fins medicinais. Por que não tratar esse tema com seriedade e sem preconceitos, e abrir de uma vez a porteira?
Por falar em Argentina, nossos hermanos legalizaram o aborto. Muita gente replica postagens sobre o tema com os cabelos em pé diante da notícia. Sou contra o aborto e ponto. Mas sou a favor da mulher decidir se quer ou não fazer. Milhares de mulheres, legalizado ou não o aborto, abortam. As mais pobres procuram clínicas clandestinas e morrem.
Sâmia Bomfim, a deputada que está grávida e escolheu ter seu filho, disse: “Defender a legalização do aborto é querer que as mulheres possam ter direito a escolher, como eu tive. É ter o direito de seguir viva: as pobres e negras morrem, enquanto as brancas ricas conseguem escolher com segurança. É olhar os dados: 1 a cada 5 já abortaram no Brasil. É defender educação sexual, acesso a contraceptivos e planejamento reprodutivo. É saber que o Estado é laico. Que ter filhos demanda condições emocionais e materiais. Que a maternidade pode ser bela quando não é compulsória. Que o corpo é meu”.
Que os ares progressistas do país vizinho aportem por aqui.
Tudo bem, começamos o ano pesado. Mas, sinceramente, há determinados temas que não podem ser empurrados pra debaixo do tapete. Vejam o que aconteceu com a Loreny, por exemplo, em Taubaté (é Lorêni, okay?, e não Lorení). Pessoas que sequer a conheciam e poderiam conhecê-la, afinal, ela foi vereadora nos últimos 4 anos e não caiu de paraquedas na eleição, chamaram-na de louca, de comunista, de petista e um montão de bobagens. Sem contar que muitos não votaram nela por puro preconceito, por ser mulher, jovem, inteligente, e dançar funk. Vejam o preconceito, as insinuações, as piadinhas, o assédio que tem de suportar a Isa Penna na Assembleia Legislativa de Sampa. Até quando? Já está na hora desse provincianismo obtuso sumir do roteiro.
Bom, apesar de tudo, seguimos. Ótimo 2021, com muita luz, harmonia, amor, respeito e vacina. Sim, porque vacina é bom, e tortura é abominável. Será que o mundo está ao contrário e ninguém reparou?
Comentários
Nádia - são temas que precisam ser debatidos; que se quebrem os tabus; obrigado.
Marquinhos - valeu, amigo!
Fran - grato, Fran por sempre estar aqui.
Cris - que venham os banhos de mar; brigadoooo!
Darci - também votei. Pra mim disparada a melhor. Abraço!
Agradeço a todos que estiveram aqui, mesmo que não comentando. Obrigado pelo carinho da recepção.
Zoraya, querida, grato pelas palavras gentis. Gostei do escancaro e abuso rsrs.
Alfonsina, bom saber que pensamos parecido. São tempos difíceis, mas logo tudo isso passa e a gente se ajeita. Abração!
Albir e Paulo: grato, amigos.