PORTAL DA CRÔNICA BRASILEIRA >> Sergio Geia
Não. Não irei falar do Crônica do Dia. Até poderia, afinal, o Crônica é o portal da crônica brasileira contemporânea há mais de 20 anos. 14 autores de diversas regiões do país e do mundo — Alfonsina Salomão, por exemplo, escreve de Paris. A maior parte, crônicas; alguns contos, e onde o Geia, quinzenalmente, aos sábados, escreve as suas histórias.
Quero falar de uma página chamada Portal da Crônica Brasileira (https://cronicabrasileira.org.br/), onde você vai encontrar autores da estirpe de Antônio Maria, Antônio Torres, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando Sabino, Ivan Lessa, João do Rio, José Carlos Oliveira, Jurandir Ferreira, Lima Barreto, Machado de Assis, Maria Julieta Drummond de Andrade, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Rachel de Queiroz, Rubem Braga, Stanislaw Ponte Preta e Vinícius de Moares.
A curadoria está a cargo de Rachel Valença, do Instituto Moreira Salles, e Rosângela Rangel, da Fundação Casa de Rui Barbosa. A editoria pertence à Katya de Moraes e ao Guilherme Tauil (o Guilherme, aliás, é de Taubaté; viva Taubatexas, a minha terra também). E há mais gente, uma moçada boa que cuida tão bem de um portal dedicado à crônica brasileira, esse gênero que amamos.
Aqui em casa tenho muita coisa de Rubem Braga, mas muita coisa mesmo, a ponto de Carla Dias, certa vez, se espantar com a quantidade de livros dele na estante. No entanto, o bacana é acessar o Portal e ler crônicas que eu não conhecia do rei da crônica, publicadas entre as décadas de 1950 e 1960, e que você não acha em livro; e o mais legal ainda é ver que além do texto, há um recorte do jornal da época com a crônica.
Outro dia encontrei Fim de ano, em que Braga começa dizendo: “É noite de Natal, e estou sozinho na casa de um amigo que foi para a fazenda”. Não há como não se cativar com a prosa simples, o desejo é abrir uma cerveja, tomar a cachacinha sempre importante, e ouvir o que Braga tem a dizer. Ele continua: “Dou alguns telefonemas, abraço à distância alguns amigos. Essas poucas vozes, de homem e de mulher, que respondem alegremente à minha, são quentes e me fazem bem”, e você, 70 anos depois, participa de uma noite de Natal triste que foi a dele, mas que também já foi a sua, a minha e a de tanta gente.
A página inicial já oferece algumas crônicas, mas é só você se jogar sem medo que irá descobrir um acervo de textos que não se acha fácil em livros. Não tive dúvidas e aconselho você a fazer o mesmo: salve a aba do Portal da Crônica Brasileira na tela do seu celular, de preferência, bem ao lado da aba do Crônica do Dia, e você não irá se arrepender.
Me faz bem estar na varanda de casa domingo, primeiras horas do dia, olhar as pessoas na rua indo pra missa, respirar o ar fino da manhã (tão braguiano isso, eu sei). Depois acessar o Portal, encontrar Braga, me deixar levar. É coisa tola, você pode pensar, mas essa coisa tola me faz tão bem...
Ilustração: Pixabay
Comentários
obrigada pela dica, já peguei e vou favoritar!