DE TODO FIM NASCE UM COMEÇO << SORAYA JORDÃO


 

Hoje eu velei meus mortos. Levei-os para passear pelas ruas da memória como quem caminha com seu bichinho de estimação nas calçadas do bairro. Os partidos tomaram a dianteira, correram mais do que eu, na direção que escolheram seguir. Agarrei a coleira do tempo e me deixei levar, por horas.
Foi tão divertido brincar com eles, ouvir suas vozes, nossas gargalhadas, rever as cenas feitas de imagens gastas de passado. O mundo ficou tão colorido de presença. 
Uma colcha de lembranças nos protegeu do frio congelante da partida. 
A dançar acima das nossas cabeças, palavras, cheiros, olhares, toques, colo. 
O amor é mesmo inoxidável. Desafia o tempo, a distância, o espaço e a mortalidade da vida. 
Repousei no conforto da nossa eternidade.

Comentários

Nadia Coldebella disse…
Que .maneira mais linda de saudar aqueles que partiram! A partida não precisa de um lugar vazio,mas de um coração cheio de memórias quentinhas.
Ana Raja disse…
Encontros criados da saudade, do amor imortal e das mais belas lembranças. Quanta emoção em suas palavras.

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