DESDE QUE... >> Clara Braga

Desde que me tornei mãe, nunca mais sentei na janela do avião. Não que eu viaje muito, mas para mim a viagem já começava bem quando eu entrava no avião, sentava na janela e ia assistindo àquela paisagem. Hoje a prioridade é do filhote, e eu fico do lado achando curioso que ele tenha essa mesma satisfação que eu tenho, mas fica também uma vontade de dizer que na volta a gente vai trocar de lugar.

Desde que me tornei mãe, aprendi que o pedaço mais gostoso daquela comida que eu tanto amo não é para ser deixado para o final. Deixar o melhor para o final quase sempre significa deixar para o filho, que vai espremer as sobrancelhas e fazer aquele olhar do Gato de Botas do Shrek perguntando se você não poderia dar aquele pedaço para ele.

Desde que me tornei mãe, não escolho mais a música que vai tocar no carro. E, normalmente, passamos o trajeto inteiro, seja longo ou curto, ouvindo a mesma música várias vezes, afinal, alguém conhece uma criança que se contenta em ver ou ouvir algo que gosta apenas uma vez?

Desde que me tornei mãe, passei a ter carrinhos de hotwheels como parte oficial da decoração da casa. Por incrível que pareça, passei até a ter a minha própria coleção de hotwheels, vocês já viram quantos carrinhos legais eles têm?

Desde que me tornei mãe, frequento mais festas de crianças do que de adultos.

Desde que me tornei mãe não durmo uma noite inteira de sono, acordo nem que seja para dar uma rápida checada no filhote.

Desde que me tornei mãe, é cada vez mais raro ir ao banheiro ou entrar no banho e, logo em seguida, não ser interrompida com um: mããããããeeeeee, vem aqui!!!

Desde que me tornei mãe, aprendi a abrir mão de coisas que antes eram inegociáveis. Entendi que tentar controlar o mundo só vai me fazer sofrer. Sofri ao entender que não posso evitar todos os sofrimentos do meu filho. 

Desde que me tornei mãe, aceitei que vou errar mais do que acertar e isso não é necessariamente ruim.

Desde que me tornei mãe, passei a viver a fase mais desafiadora da minha vida. E conforme meu filho cresce, percebo que as fases da vida são como as fases de um vídeo game, vão ficando cada vez mais difíceis.

Mas ao mesmo tempo, vivo os momentos mais maravilhosos da minha vida. Não deixaria de ser mãe por nada, por isso, decidi ser mãe de dois.

É isso mesmo, caro leitor, venho através desta crônica informá-los que vou me tornar novamente monotemática. Um novo baby está no forninho e as crônicas sobre esse novo maternar também. 

Me aguardem!

Comentários

André Ferrer disse…
Duplo parabéns: pelo texto e pela nova maternidade!
Nadia Coldebella disse…
Ai, que legal!
Um filho sempre é uma benção!

Conselho de mãe de duas: Pede pra Deus um par de braços extras pra cada filho e, quando eles crescerem, uma cabeça e um coração extra também.

Por favor, conte-nos tudo, tim-tim por tim-tim.

Gde Bjo!!
Ana Raja disse…
Lindo texto.. e parabéns pelo bebê!

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