HISTORINHA >> Sandra Modesto

  

Diga que não sou de nada

Que não valho nada

E que não há nada

 

Mas tenho você.

 

Diga que o amor se perde

Que a paixão inunda

Que o mundo é covarde...

 

Mas tenho você.

 

Diga que a lua esquenta

Que o sol adormece...

Que a dor aumenta

 

Mas tenho você.

 

Diga que o verbo se cala

Que a fala estremece

Que a vida se espalha.

 

Mas tenho você.

 

Diga que o coração medita

Que a noite é pequena

Que a alegria é esquisita

 

Mas tenho você.

  

Se depois de encantos

Eu me fazendo de tonta

Perceber que você é um aflito

 

Pode estender assim

A paixão extermina

Desenhar versos em mim.

 

Mas tenho você.

 

É um estranho querer...

Mesmo sem rumores

Talvez enterneça.

 

Preciso deitar-me na rede

Enrolar meus sonhos

Saciar minha sede.

 

Eu tenho você.

 

Sigo sem saber

Com eterno sorriso

Sentindo o surpreso prazer...

 

Mas tenho você...

 

Não vou querer camas unidas

Muitos movimentos.

No jogo de orgasmos.

 

Numa tarde que chama

Na noite comprida.

Espichando sonhos

 

Aquecer a calma.

Afagar a alma.

Assustar-te despida...

 

Acordar estranha e espreguiçada

Não me importar com o tempo

Se você ficar ausente

 

Eu vou me abraçar.

Eu posso encolher.

Eu posso fugir

 

Mas tento entender.

 

Porque era Você. Porque era Eu.

 


Comentários

Albir disse…
Que lindo, Sandra! Sua versatilidade com as letras encanta! Até sua lista de compras deve ser boa de ler.
Zoraya Cesar disse…
um poema quase concreto! a evolução dos sentimentos pelas linhas foi ótima! gostei demais!
Sandra Modesto disse…
Muito obrigada, Zoraya. Pela leitura e pelo comentário.
Carla Dias disse…
Um roteiro poético de desejo e afeto. Lindeza, Sandra!
Paulo Barguil disse…
Eu e Você que se (con)fundem numa alquimia indecifrável. Mais uma bela (eterna) História, Sandra! :-)
Sandra Modesto disse…
Obrigada, Paulo. Pela leitura e pelo comentário tão carinhoso.

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