COMO FOMOS CHEGAR ATÉ AQUI?

Eu queria escrever sobre minha nova experiência profissional, sócia da minha melhor amiga, tocando uma empresa e equilibrando todo o resto da vida. Mas aí "ele" deu uma entrevista ontem e disse que as queimadas na Amazônia foram todas de causas naturais, e eu não consigo pensar em mais nada.

Também pensei em escrever sobre minha crise de mãe com dificuldade de acompanhar o crescimento do filho ao levá-lo ao dentista e descobrir o primeiro dentinho mole. Mas aí lembrei da maldita entrevista na qual ele disse que nunca imitou ninguém morrendo sem ar por causa de Covid, senti tanto nojo que não consegui elaborar mais nada.

Tinha uma outra opção de crônica, queria falar sobre nostalgia e de como eu voltei no tempo quando ganhei de presente do meu marido um tamagotchi. Mas, lembrei que na tal entrevista "ele" afirmou ter dito que as pessoas iriam tomar a vacina e virar jacaré como uma referência à literatura brasileira, aí senti que talvez eu não tenha referências literárias suficientes para escrever uma crônica (contém ironia).

Pensei em compartilhar aqui uma crônica onde eu exponho minha falta de paciência com redes socias em contraponto com minha necessidade de me manter atualizada sobre elas em função do meu trabalho. Mas lembrei que "ele" teve coragem, mesmo depois da quantidade de vidas que foram perdidas, depois de desrespeitar as famílias que estavam em luto dizendo que não podia fazer nada pois não era coveiro, de dizer que acertou na pandemia.

Enfim, eu tive vontade de trazer assuntos mais leves para a crônica de hoje, compartilhar momentos legais, mas o Brasil de hoje não dá descanso. 

Hoje, tudo que comecei a fazer, foi interrompido pelo pensamento: como fomos chegar até aqui?