BOIA >> Paulo Meireles Barguil

O que vem à sua mente quando lê o título desta crônica?


As suas memórias estão relacionadas a um objeto utilizado para se flutuar em uma superfície líquida? 


Qual é o material, a forma e a cor dela?


Banho de piscina, mar, rio, lagoa...?


Uma pescaria com linha ou rede? 


Ou você se recordou de alguma refeição?


Qual era o cardápio: arroz, feijão, bife e ovo? Macarrão com sardinha e tomate? Torta de atum com alface? Feijoada com arroz, couve e laranja?


Qual foi o local da degustação: debaixo da árvore, restaurante universitário, bar...?


Voltando ao universo aquático, ela também é um objeto que indica um obstáculo à navegação, balizando a passagem para evitar um acidente.


Por fim, ela é uma esfera oca que, ao atingir o nível escolhido de um recipiente, ergue totalmente uma peça que impede a entrada nele do líquido.


Com alguma frequência, é necessário limpar o local em que passa o líquido, pois aquele pode entupir, vedando este de chegar ao destino.


Ao longo da vida, entulhos materiais e emocionais diminuem a nossa vitalidade.


Missão diária é remover, aos poucos, o que nos diminui, apequena e sufoca, bem como refutar novos destroços.


É impossível voltar a mergulhar no líquido amniótico, que nos protegia de muitos perigos e onde realizávamos acrobacias, independentemente de plateia.


Desejo que você experimente – hoje, amanhã, depois de amanhã... – movimentos singelos, principalmente aqueles nunca encarnados e há tanto tempo guardados.


Você ainda se lembra deles?

Comentários

Zoraya Cesar disse…
Não lembro, mas agora vc me obriga a um resgate afetivo tao importante, que deveríamos nos exercitar sempre em deixar a boia fluir. Obrigada!
Albir disse…
Tenho boas lembranças de boia. Uma câmara de ar cheia de remendos em que flutuávamos. Mas muito importante o seu alerta sobre a limpeza emocional, Paulo!
Paulo Barguil disse…
Escrevo para me lembrar de que preciso boiar e de continuar a minha faxina... ;-)

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