o muro >> whisner fraga

 



faz alguns meses construíram um muro,

não sei se o condomínio ao lado fez algum conchavo com o dono do posto de combustíveis, mas o trabalho foi rápido,

a mulher recém-chegada se admirou com a qualidade do cimento,

três homens cuidavam da construção, coisa aí de quatro dias e tudo estava chapiscado e pintado,

o agora casal causava pruridos aos moradores do prédio, houve até quem acusasse os dois de indecências,

foi o passo inicial para tentar expulsá-los da vizinhança, mas não parece estar funcionando,

eles foram para o canteiro em frente, uma enorme faixa de grama que separa a avenida quase ao meio, 

a mudança foi rápida: dois edredons e um colchão de solteiro e pronto, tinham novo endereço,

a árvore sob a qual conversam e se beijam faz bem o papel que a marquise fazia na calçada em frente,

ele me cumprimenta sempre, ela às vezes,

levamos algumas esfirras, pães, pizzas, arroz e feijão, eles agradecem,

e seguimos.

Comentários

Jander Minesso disse…
Não bastasse não se submeterem ao cabresto, ainda querem se amar? É muita afronta.
Soraya Jordão disse…
Ah, a paixão que pulsa o desejo...
Albir disse…
Os indesejáveis. Como ousam beijar, comer, respirar? Não se enxergam!?

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