E O MEDO QUE DÁ? >> Clara Braga
Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a mente muda a gente anda pra frente.
Gabriel o pensador
Essa não é a primeira vez que eu escrevo uma crônica e cito essa parte da música Até Quando do Gabriel o pensador, e provavelmente não vai ser a última.
Mudar é algo que mexe comigo, e ele fala da mudança de uma forma tão magistral que fica clara a necessidade de encarar a mudança, e também a dificuldade em enfrentá-la, afinal, se fosse fácil talvez não houvesse a necessidade de escrever uma música tão forte sobre o tema.
Eu mudei muito pouco de casa, estudei só em duas escolas, toco o mesmo instrumento desde os 13 anos de idade, escrevo aqui no crônica há mais ou menos 15 anos e sofri todas as vezes que precisei mudar de emprego, e quando digo que sofri falo de crises reais de ansiedade, de ânsia de vomito e noites em claro chorando.
Eu não desisto das coisas fácil e faço de tudo para aquela situação dar certo. Podia ser um relacionamento ou uma faculdade que não me fazia feliz, eu só saia da situação quando estava no limite.
Persistência, muitos dizem. Mas eu sei que no fundo, no fundo, essa “persistência” toda tem outro nome: medo da mudança, mesmo quando é claro que a mudança vai ser benéfica.
Agora cheguei em uma fase da vida em que não preciso lidar apenas com as minhas mudanças, mas também com a necessidade de mudança dos meus filhos.
Recentemente enfrentamos uma situação complicada na escola do meu filho e ficou clara a necessidade de buscar uma outra escola onde ele pudesse estudar.
Isso gerou uma ansiedade nele, que está com receios muito comuns de uma criança que nunca mudou de escola, que estuda com os mesmos amigos há 4 anos, que era conhecido de todos os funcionários, da limpeza aos professores, e que a única mudança significativa que precisou enfrentar até hoje foi o nascimento do irmão, e até hoje, 2 anos depois, ele ainda oscila entre amar e odiar ter um irmão.
Tudo isso está dentro do esperado, o que talvez não fosse para ser tão esperado era eu ficar tão ansiosa quanto ele. Então lembro que não posso ficar ansiosa, ou pelo menos não deveria deixar meus anseios tão aparentes, já que uma das formas de ajudá-lo é mostrando segurança na decisão que tomamos como família, e isso me deixa ainda mais ansiosa.
É um ciclo sem fim, e aqui em casa, quem chegar ao final das férias com todas as unhas das mãos já está no lucro. E eu venho descobrindo cada vez mais que a maternidade não é sobre amadurecer e saber o que é melhor para o filho de forma segura e inquestionável, na verdade a maternidade é um eterno fake it till you make it.
Comentários