TEOREMA DE PITÁGORAS << SORAYA JORDÃO
Onde mora o não vivido?
Por quais vielas agonizam os sonhos silenciados, os suspiros contidos?
Em que esquinas se despacham os desejos condenados?
Há de existir um lugar, um altar, decorado com flores murchas e cotocos de velas queimadas, no qual se possa cultuar o que foi renegado pela covardia.
Em alguma constelação repousa o cemitério das oportunidades perdidas, das palavras não ditas, das promessas natimortas.
Para cada escolha, o aborto seco de todos os outros caminhos.
Por onde vagam estes espíritos?
Talvez reencarnem no corpo da culpa ou do arrependimento. Quem sabe se tornam fantasmas feitos de solidão?
Procuro as que não ousei ser.
Do tamanho da vida é o ralo sugador de todas as sobras de mim.
Comentários
Quantas de nós não assumidas ficaram para trás?
Acho seus textos muito filosóficos. Esse, em especial, é muito bom.
Deu forma a questionamentos que eu não conseguia fazer!