OLIMPÍADAS >> whisner fraga

 


eu acordava todos os dias às cinco, cinco e meia, para ver os jogos,

assistia um bocadinho, depois saía,

vi de tudo, mas gostei mesmo de uma prova de escalar paredes, outra de levantamento de peso, esgrima, e tiro ao alvo,

fiquei fascinado com os narradores esportivos tentando adivinhar os nomes dos golpes, das posições, das estratégias, como se fossem especialistas há séculos nas modalidades,

era engraçado,

e quando um mais empolgado tentava inserir alguma emoção numa prova de hipismo?,

ou outra, que pedia silêncio à plateia porque ia rolar um salto na piscina, e dá-lhe nome técnico para tudo, 

especialistas, eu disse,

às vezes eu desligava o som, as imagens rolando, aí tudo parecia mais bonito, mais sobrenatural,

porque o tal do espírito olímpico, mesmo, não apareceu, 

cedeu o lugar ao capitalismo olímpico, mesmo, na caradura,

o resto todo mundo sabe, o brasil com três medalhas de ouro (sem desmerecer as outras, claro!), de mulheres (três delas negras), que lindo,

cara, quem não se emocionou com a Rafaela Silva, a Rebeca Andrade, a Beatriz Souza, a Rayssa Leal?,

vi tudo o que elas fizeram lá, ao vivo daqui,

tô sentindo falta de ligar a televisão cedinho e sintonizar em paris,

podia ter olimpíada todo ano.


Comentários

Zoraya Cesar disse…
concordo! Olimpíada todo ano e essas provas todo domingo, em vez do futebol. Tá na hora de só o futebol ser o esporte nacional. Esporte nacional é judô, ginástica ritmica, skate!
Jander Minesso disse…
Nossa, podia. E com break. E escalada.
Albir disse…
Sim, Whisner, com gente de verdade fazendo esporte de verdade, e não fantoches a peso de ouro para alimentar rapinadores.
Nadia Coldebella disse…
Podia mesmo. E com a oferta de um curso online pra gente ser especialista também.

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