O CELULAR TRAZ NOTÍCIAS ESTRANHAS >> whisner fraga
o frio nas manchetes de todas as previsões: ele voltaria,
e isso em quase setembro, quando já havíamos desistido dos gorros e dos cachecóis,
as gatas embaraçadas buscando calor,
a casa toda fechada, o que me dá um medo de um vazamento de gás, um choque térmico ao descer para resgatar as correspondências,
tudo é inóspito,
o sofá gelado às vezes me expulsa da busca pelo conforto, mas já faz vinte minutos que me aninhei e nos esquentamos, ganha-ganha,
não posso abandonar essa cordialidade,
o celular e o livro estão ao lado, opto pela tela, inicialmente,
os grupos frenéticos me forçam a leitura, todos falam sobre política, eleições para a prefeitura de são paulo,
até o pessoal do interior, até de outros estados, o tema é este, todos são, de novo, especialistas em pesquisas, em debates, em campanhas, e a disputa aqui na capital se torna maior, a velha polaridade ressuscitada, o mercado afoito, tudo igual,
só a novidade parece ser outra, o candidato parece ser outro,
mas só parece, insisto,
uma guinada vertiginosa segundo os últimos dados e todos estão surpresos, novamente,
na dúvida votam nele mesmo (e nem votam em são paulo), mas votam nele mesmo,
o espetáculo, o afamado espetáculo ressuscitado,
eles radicalizam nas performances, sabe-se lá quantos bilhões der lá pra cá nas redes sociais, é o que importa: a moe(n)da,
deixo o aparelho de lado, reabro o romance da samanta schweblin,
nada melhor do que uma boa leitura neste fim de inverno.
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