MULHERES DE OURO >> Clara Braga
Se você chegou até aqui sem se emocionar ou se quer assistir a alguma competição olímpica, ainda dá tempo de reconsiderar.
Nesses últimos dias, me vi acompanhando esportes que nunca nem assisti, que não tenho ideia das regras, mas torci como se fosse profunda conhecedora de tudo.
As olimpíadas, assim como a copa do mundo e outras competições, têm isso: deixam a gente com o tal “espírito olímpico”. E se você se permite envolver com o tema para além dos jogos, pode aprender muita coisa.
Nesses últimos dias eu aprendi com o skate que a gente não torce para ninguém cair, é muito melhor ganhar quando todo mundo manda bem e, ainda assim, você consegue se destacar. Precisar que os outros sejam ruins para que você seja boa, não faz de você realmente boa.
Aprendi com a ginástica que gigantes são gigantes porque sabem reconhecer e reverenciar umas as outras. Essa história da rivalidade ferrenha entre mulheres já não cola mais, somos mais do que isso.
Tive ainda mais certeza de que bolsa atleta e outras leis de incentivo mudam vidas.
Fiquei absurdamente feliz em ver que mais pessoas estão percebendo que o esporte feminino não é desinteressante, só é pouco incentivado.
Porém, como nem tudo são flores, durante as olimpíadas mais femininas da história, nós mulheres também fomos lembradas que basta não seguirmos um padrão para termos nossos corpos questionados e passemos a receber uma enxurrada de ódio de pessoas cujo interesse único é levantar questionamentos duvidosos sobre assuntos que eles se quer compreendem.
Enquanto isso, um homem condenado por um crime inaceitável ocupa um espaço de destaque e prestígio enquanto acena de forma quase debochada para uma multidão que faz questão de vaiar sua atitude, mas isso é tudo que essa multidão pode fazer, pois a ele já foi garantido o direito de estar ali rindo da nossa cara.
É, é difícil ser mulher. Mas uma fala da judoca medalha de ouro Bia Souza me pegou de jeito: às vezes parece que a gente está pagando muito caro, mas vale cada centavo quando a gente conquista o que a gente quer.
Sigamos.
Comentários