NOVOS DONOS DA VERDADE >> André Ferrer
As fake news e as antigas fofocas de rua compartilham a essência de distorcer ou exagerar informações, mas diferem em alcance e impacto. Enquanto as fofocas circulavam de boca em boca, limitadas a um bairro ou círculo social, as fake news, potencializadas pelas redes sociais e tecnologias digitais, alcançam milhões em segundos, ganhando força com algoritmos que amplificam conteúdos polêmicos.
Num ambiente dominado pela pressão econômica, como o da internet, a honestidade dos influenciadores é frequentemente questionada. Essas pessoas dependem de sua relevância e engajamento para atrair marcas e gerar renda, o que pode criar conflitos entre autenticidade e lucro. A tentação de promover produtos ou ideias que garantam maior retorno financeiro, mesmo que não reflitam suas verdadeiras opiniões, é uma realidade constante. Será que todos os influenciadores cedem a essas pressões ou há aqueles que se destacam por adotar um discurso transparente, deixando claro quando estão sendo patrocinados e recomendando apenas o que acreditam? Tal postura não seria, também, facilmente simulada nas redes?
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IMAGEM: ChatGPT |
Embora existam influenciadores que priorizam ganhos financeiros em detrimento da honestidade, também há exemplos de quem consegue equilibrar autenticidade e monetização. Esses profissionais geralmente constroem uma base de seguidores leais e engajados, que reconhecem e valorizam sua integridade. Portanto, a resposta à pergunta inicial é complexa: sim, é possível existir influenciadores honestos em um ambiente de pressão econômica, mas essa honestidade exige escolhas conscientes e, muitas vezes, sacrifícios financeiros no curto prazo para garantir uma reputação sólida e confiável no longo prazo.
O influencer é uma evolução (ou piora) da clássica dona Candinha? Em todo caso, ambos podem causar danos, como desinformação ou prejuízo à reputação, mas as fake news têm um poder destrutivo bem maior, influenciando eleições, mercados e até crises sanitárias, evidenciando o perigo de sua propagação. A escala, portanto, é incomparável àquela das ruas dos velhos bairros.
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