CARDÁPIO >> PAULO MEIRELES BARGUIL

"O que eu irei comer?".


Repetimos essa indagação inúmeras vezes na nossa vida.


Ela é proferida, seja em voz alta ou silenciosamente, em diversos locais, em variadas situações e com diferentes motivos.


Diante de uma geladeira, as emoções são díspares, pois essa pode estar repleta ou vazia!


A depender da nossa situação financeira e do requinte do estabelecimento, a escolha acontece após olhar mais para as informações de uma das colunas...


Há quem sofra por ter alguma restrição alimentar, o que limita as suas alternativas de saciar a fome. 


O dilema tem tons dramáticos para centenas de milhões de pessoas que, por falta de dinheiro, não sabem o que e/ou quando irão se nutrir de novo.


Para essas, há quem defenda que a solução é "não dar o peixe, mas ensinar a pescar", ignorando o óbvio: as varas e os peixes disponíveis não são suficientes para quem precisa, pois poucos indivíduos concentram tais bens.


Há, ainda, os sábios sensíveis, moradores de palácios, sugerindo a quem não tem numerário para adquirir o básico que sejam econômicos e comprem a mercadoria mais barata.


Outros, mais cretinos e vorazes, propõem que os maltrapilhos saiam dos seus escombros, sem nada lhes oferecer, para continuar a usurpação.


A plateia padece com a falta de pão e os horrores das principais atrações do circo digital.

Comentários

É, nessa lista de iguarias que é o cardápio, está faltando a iguaria da igualdade. :(
Bela crônica!
Albir disse…
Brilhante a sua análise de um gesto nem sempre tão óbvio, como comer.

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