ENTRE MEMÓRIAS E CONVICÇÕES >> Clara Braga
Essa semana aproveitei as férias do meu filho e fui com ele assistir Divertidamente 2.
Ele ama o primeiro filme e eu achei que seria muito simbólico assistir à sequência com ele, já que desde a chegada do irmão mais novo ele tem tido episódios de crises de ansiedade. Pois é, por aqui a ansiedade não esperou a adolescência para aparecer.
A expectativa era alta, até porque eu tinha a sensação de que eu era uma das poucas pessoas respirando na face da terra que ainda não tinha assistido ao filme. Mas valeu cada segundo, o filme entrega mesmo tudo que promete!
Bom, mas eu não sou crítica de cinema e acho que todos já estão começando a ficar um pouco saturados de tantos textos sobre esse filme. Por isso, vou poupá-los da minha opinião, mas quero trazer aqui uma questão que me inquietou.
Embora as personagens da alegria e da ansiedade sejam magistralmente construídas e o enredo seja bastante focado nelas, foi a nojinho que levantou uma questão que está reverberando em mim desde o momento em que ouvi a frase que ela disse.
Em um certo momento, quando os sentimentos antigos estão tentando voltar para a sala de controle, a nojinho pergunta para a alegria algo mais ou menos assim: como fazemos para que uma memória ruim não se transforme em uma convicção negativa?
A alegria não sabe a resposta e o filme segue, deixando essa pergunta no ar. Nesse momento eu me peguei lembrando das vezes que meu filho chegou em casa dizendo que era burro, pois os colegas já estavam lendo e ele ainda não.
Sempre conversei tentando fazer com que ele entendesse que ter um ritmo de aprendizado diferente não faz de ninguém mais ou menos inteligente. Mas, ao mesmo tempo, eu mesma já me peguei me chamando de burra na frente dele por não saber algo ou não conseguir solucionar algum problema.
Em minha humilde opinião, é por isso que o filme joga essa questão e deixa ela sem resposta, pois é simplesmente impossível não termos convicções negativas a respeito de nós mesmos. Somos feitos de convicções positivas e negativas e, talvez, a arte esteja justamente em saber balancear a coisa de tal forma que você consiga sentir-se feliz consigo mesmo.
Parece simples quando falamos teoricamente, mas, na prática, sentir-se feliz consigo mesmo é um baita desafio. E você, o que faz para evitar que memórias ruins transformem-se em convicções negativas?
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