ELE RESOLVE >> whisner fraga
uma drogaria famosa, dessas de dar arrepios,
nada sério, uma rinite prestes a sinusite, médicos e receitas,
os remédios nem pra brincadeira, feitos de ouro, platina e outras fórmulas secretas,
levamos um a mais, por engano do atendente:
vigiem o erro dos outros, porque sai caro,
voltamos para devolver a caixa a mais, pois não precisaríamos dela, duas horas de negociações, o dinheiro não chegava de volta,
nem veio,
burocracia pra cá, burocracia pra lá,
(uai, isso não é - dizem - privilégio do serviço público?)
e nada, nadinha de nada, nadica,
todos os percalços necessários para o bem da empresa - pode haver algum desonesto por aí, né?, você sabe,
pedi o gerente, mas era noite e veio um responsável,
defendeu a firma, quase esbravejou quando questionei a tal la garantía soy yo,
e a coisa não andou, havia claramente uma má vontade e ela ia se alastrando no ambiente,
foi tão fácil pagar, o dinheiro voou da conta em míseros segundos, mas devolver não, é outro departamento,
propus: você me compra o remédio de volta, o excedente,
mas eles não tinham interesse no remédio de volta ao preço que venderam,
dou desconto, ofereci,
cinquenta por cento: era pouco,
mais do que isso não sou trouxa,
isto é, sou trouxa, mas de mau humor,
me sentei no banco do início da fila e ela cresceu, mas eu pensava melhor,
podia trocar por outros produtos da loja, isso era permitido, mas ia dar na mesma, eu levando coisas desnecessárias,
embirrei,
o farmacêutico veio: amanhã cedo o gerente tá aqui,
e ele resolve?,
resolve,
beleza, volto amanhã.
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