KING REVISITADO >> André Ferrer

No último dia 15, foi o aniversário de um homem imenso. Então, eu me perguntei: Como o ideário de Luther King seria recebido na nossa época? Desculpas, Mr. King, por isso.

A polarização, evidentemente, trataria de julgá-lo com a parcialidade de costume. Ultraconservadores e wokes radicais fariam questão de opinar sobre o ativista nas redes e emitiriam a sentença de acordo com a sua bandeira. Em termos de cancelamento, King não escaparia de nenhum dos extremos. Especialmente, porque o tema respeito é um dos mais caros para ele.

IMAGEM: ChatGPT

O Movimento Woke, surgido como uma expressão de alerta contra injustiças sociais e raciais, tem pontos positivos e negativos que geram intensos debates. Por um lado, ele trouxe à tona questões importantes relacionadas à equidade, direitos civis e representatividade. Sua capacidade de amplificar vozes historicamente marginalizadas é um mérito inegável, promovendo discussões essenciais sobre racismo, misoginia, homofobia e outras formas de opressão. Além disso, o movimento utiliza o digital e o audiovisual para conscientizar amplamente, permitindo que essas pautas se tornem globais.

O movimento enfrenta críticas. Muitos consideram haver um excesso de zelo em determinadas abordagens. A cultura do cancelamento, frequentemente associada ao Woke, pode silenciar vozes divergentes ou promover julgamentos sumários sem espaço para diálogo ou crescimento. Esse fenômeno levanta preocupações sobre liberdade de expressão e a possibilidade de alienar potenciais aliados. Outro ponto negativo é a percepção de que algumas ações se tornam performáticas, priorizando a aparência de virtude em vez de mudanças estruturais significativas.

Quanto ao discurso de Martin Luther King Jr., é provável que ele fosse considerado parte do ideário Woke nos dias de hoje, dado seu compromisso com a justiça social e a igualdade racial. Frases como "Eu tenho um sonho de que meus filhos viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pelo conteúdo do seu caráter" ressoam profundamente com os princípios defendidos pelo movimento. No entanto, o tom conciliador e a ênfase no diálogo de King poderiam contrastar com algumas tendências mais combativas de setores do Movimento Woke atual, levantando questões sobre como a mensagem de King seria interpretada em um cenário contemporâneo.

E à direita? O que aconteceria? Ora! Nem é preciso fazer qualquer aprofundamento. Está claro! O terror é óbvio.

Comentários

Carla Dias disse…
A realidade anda amplamente complicada nos dias de hoje (sim, me refiro ao poder de alcance das informações truncadas), mas, ainda assim, só de ler Martin Luther King Jr., me dá um alento. A vida é bruta enquanto reverbera sabedoria. Quem sabe um dia a maioria de nós entenda o que essa sabedoria quer dizer.
Albir disse…
A conciliação que não abre mão dos princípios. A mão estendida, mas que olha no fundo dos olhos e diz "isso não pode continuar". A morte que torna imortal e vale por milhares de páginas de discursos e teses. Isso é King. Por mais que retornem e se multipliquem os assassinos.
Soraya Jordão disse…
o terror é óbvio. adorei sua crônica.

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