DIAS SILVESTRES >>> whisner fraga
o filhote da galinha garnisé não vingou,
ela ali, esquentando uns vinte ovos ou mais, para ver se garantia uma descendência mínima,
eram de uma manada, não somente dela, as companheiras nem espiavam, desnaturadas,
de repente aquele mau cheiro e era impossível chegar perto do ninho e eu também desconheço a cinemática dos galináceos, de forma que preferi a observação,
eis que me ausento, um negócio na cidade e ana me manda uma mensagem: dois seres romperam a casca e perambulavam pelo terreno,
mas, sempre um mas,
um deles havia caído em um buraco, talvez de tatu, talvez de cobra: fundo,
ana cava daqui, dali, uma aflição, o pinto se safa, volta para perto da mãe, opa, são dois, tem um irmão ou irmã!,
a família perambula, ana muito contente com o sucesso do resgate, um dos gatos não deixa por menos, abocanha a cria: éramos três, ironizei, na hora, o que, pensando agora, não devia ter feito,
ficamos chateados, porque os gatos passavam bem, acho que nunca comeram tanto: ração, outros quitutes, carinhos, não precisavam disso, ainda mais o rajado, tão bonzinho,
a vingança chega a galope e um cachorro que também se achegara, de certo o boato da fartura foi o motivo, coloca o vicente para correr (nosso apego responsável por nomear todas as criaturas do rancho),
vicente foi o faminto que devorou o pedro,
pedro era o pinto,
aí imaginei que o ciclo se fecharia com uma onça, o que, ainda bem, não ocorreu,
nem tudo é como planejado, a natureza tem seus métodos,
foi o que aprendemos nesses dias silvestres.
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