BEIJO << SORAYA JORDÃO
Você sabia que O Beijo é uma das pinturas rupestres mais visitadas no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí?
Sabia que o Brasil tem a maior concentração dessas figuras no planeta, embora não valorize nem dispense recursos à sua preservação?
Por último, uma curiosidade sobre as vestes do amor nesses tempos modernos: O beijo disputa prestígio com mais de 1200 outras pinturas rupestres, algumas até mais picantes, representativas do ato sexual e, mesmo assim, continua sendo o queridinho dos turistas do mundo todo.
Por quê? Qual seria o motivo de despertar mais interesse do que a cena da cópula?
De imediato, julguei que a preferência pela bitoca relacionava-se ao ideal de amor romântico que molda muitos de nós. Algo como uma honraria universal oferecida ao primeiro contato íntimo entre dois seres. Mas, segundo me informaram fontes atuantes no mercado de relacionamentos, minha avaliação não procede. O encontro das línguas já não goza desse glamour nos rolês. Muitas vezes, é apenas uma etapa necessária ao alcance dos finalmentes.
Pelo que parece, os Cinquenta tons de cinza desbotaram a tal ponto que a paleta de cores se limita ao cinza claro e escuro.
O dégradé saiu de moda, exigia muito investimento afetivo.
Para a minha fonte, a figura do beijo faz mais sucesso porque é
divulgada no boca-a-boca sem tanto tabu.
Eu discordo. Talvez em tempos de nudes, pouco papo e muito sexo sem deleite, o beijo esteja se tornando um fetiche. Uma espécie de rubor na adolescência, uma revistinha escondida na gaveta ou um bilhete perfumado assinado pelo anônimo amor.
Independente do motivo real de tanta sedução, devemos comemorar: o primeiro beijo a ganhar corpo na história mora aqui.
Cuidemos para que dure pela eternidade.
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Brinde-nos mais com sua antropologia do beijo!