DESCARTE >> Carla Dias


Acabou por desgostar de algumas combinações de palavras. Elas não têm culpa, pensa, são usadas ostensivamente para compor o roteiro da negação da dispensa enquanto a tal é colocada em prática. O sinto muito sai ralentado na voz enfadada, a fim de conceder um toque de verdade à falta de interesse do interlocutor. Ralenta para plagiar emoção de conduzir dispensado a acreditar não caber ali, mesmo cabendo; infelizmente não será possível, apesar de pouco se importar com o possível do outro. É metodologia de triagem de banalizar para alcançar a meta do dia. Não escuta ou se atenta aos ausentes da lista de conferência. Tica item um, dois, três e segue derrubando oportunidades. É finalidade comparsa do total desinteresse do o sistema não está funcionando funcionar tão bem. Rejeição sempre é dor no primeiro dia. Para alguns, no segundo se transforma em coragem, ajuda com o seguir em frente. E há quando a meta do dia do outro destrói toda a construção de esperança de quem busca, restando apenas a opção de se recuperar das frases feitas do descarte.  


Comentários

Jander Minesso disse…
Um concentrado de tristeza e verdades.
Francisco disse…
O texto denuncia a falta de honestidade e sensibilidade que vivemos. Lembrei de atenção plena, estar presente... Obrigado!
Nadia Coldebella disse…
Lidar com a frieza das rejeições é bem doloroso, talvez até mais doloroso que a própria rejeição. Pior é ser humano desumanizado, uma máquina em não sentir a dor do outro. Um texto curto e direto, mas profundamente reflexivo. Gde bjo!
Zoraya Cesar disse…
E de tanto sentir dor, a criatura resolve que nao se importa mais. E passa a rejeitar também. Se importar pra quê?
Albir disse…
Respostas e reações burocráticas são a maneira sem graça e sem jeito de lidar com a rejeição.
Soraya Jordão disse…
Sorrisos plásticos em faces harmonizadas andam por aí.

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