CAFÉ COM REFLEXÃO >> Ana Raja
Durante uma conversa de fim de tarde, uma amiga me contou sobre a viagem maravilhosa que fez e o reencontro com um antigo crush. O tempo em que passou na companhia dele foi encantador. Ela é encantadora, então, passar alguns dias com alguém alto astral, de sorriso solto e inteligente não é tarefa difícil para ninguém. Mas com certeza ele saiu ganhando.
Conversávamos sobre a pose, que alguns homens insistem em manter, de serem “o cara”, o desencanado, o bem resolvido, o seguro da relação, o fodão. Nem sempre são tudo isso. Pela experiência da minha amiga, e os relatos de outras pessoas, além de algumas vivências próprias, a questão é que existem muitos homens no mercado, e grande parte deles é inseguro. Se relacionar com esse tipo de pessoa pode até criar um cenário de conto de fadas, uma conexão nunca antes experimentada, mas isso é apenas por um tempo. Alguns dias e acabou. Quando na companhia deles, a realidade totalmente distorcida é o que sustenta o tempo desfrutado com imensa sinergia.
A maioria desses homens não fala sobre o que está acontecendo no relacionamento. Opta por um silêncio canalha e infantil. Sim, nem sempre eles têm atitudes de adultos, parece que a linha que separa a infância da maturidade é fina, e alguns a usam com cerol, como se estivessem empinando pipa: soltam a linha e logo a puxam, trazendo a pipa de volta. E ainda usam os seguintes argumentos: não está acontecendo nada, impressão sua, acho que não vou conseguir aparecer, essa noite eu não posso ficar, você me faz tão bem, mas não sei, e por aí vai.
“Você me faz tão bem”, é de matar. A gente cansa de só fazer bem ao outro. Merecemos além. Estamos em dia com a terapia, para sermos bem mais que a mãe dos nossos amantes.
Assim continuamos o nosso caminho. Às vezes certas, em outras, quase certas do que desejamos, mas certíssimas do que não queremos.
Durante a nossa conversa, chegamos à conclusão de que nem todos os homens são assim, imprestáveis. Sabemos, e quando não sabemos, nos esforçamos para reconhecer um homem capaz de nos tratar como pessoa.
Após a reflexão, tomamos mais café e continuamos a falar sobre a delícia de torrone que ela trouxe para mim da Espanha.
Comentários