UM NOVO LIVRO >> whisner fraga

 


eu não planejava outro livro de minicontos,

queria focar em dois romances,

mas aí rolaram umas conversas estranhas num grupo de whatsapp, 

(eu já havia escrito duas narrativas sobre isso em usufruto de ruínas)

contextualizando: aqui perto vivem duas pessoas em situação de rua,

alguns moradores da região não acham isso interessante, 

os argumentos: pode atrair mais gente assim, virar um condomínio de barracas, eles fazem indecências à luz do dia, sujam a calçada, atravancam o caminho,

o resto vocês podem imaginar,

isso foi o estopim para que iniciassem uma campanha de remoção do casal,

recolheram colchão, coberta, roupas, todos os pertences, 

bom, essa disputa dura uns seis meses, pelo menos,

até agora sem vitoriosos,

as situações foram tantas, algumas tão absurdas, que fui transformando em ficção, 

quando percebi tinha umas trinta histórias,

será que chego a cinquenta, sessenta, até meio de novembro?,

daí veio o ritmo insano de trabalho, escrita, reescrita, revisão, vocês sabem,

esta semana finalmente finalizei tudo, 

entreguei pra carla, a sinete a postos para tentar publicar ainda este ano,

espero que tenha conseguido descrever um pouco a situação, a angústia desta gente, os perrengues diários, mostrar que são seres humanos, cidadãos, merecem respeito, empatia, uma existência digna, 

é preciso que sejam compreendidos e acolhidos,

se os poderes viram as costas a eles, nós não podemos fazer o mesmo.

Comentários

Jander Minesso disse…
Outro dia me peguei com um misto de raiva de uma pessoa em situação de rua e vergonha de mim pela raiva sentida. Depois de muito matutar, entendi que parte de mim invejava a coragem daquela pessoa em viver do jeito que ela decidiu viver, pagando todos os preços dessa escolha. Curioso pra ver o que vem por aí, Whisner.
Zoraya Cesar disse…
certamente nao será uma leitura fácil. mas obrigatória.
Soraya Jordão disse…
quando jovem trabalhei com meninos moradores de rua. Quando conversávamos, traziam uma ideia da rua como liberdade e libertação...
Anônimo disse…
Muito importante este gesto, trazer um pouco de humanidade pra estas pessoas que desumanizamos movidos pelos nossos medos, ou simplesmente pela nossa necessidade de seguirmos vivendo numa bolha, ignorastes de que grande parte da humanidade passa fome e sofre todo tipo de provação. Parabéns!!
Albir disse…
Vamos torcer para que a literatura consiga fazer o que até agora não conseguiu a administração, a política e a religião: garantir a humanidade reconhecida no discurso.

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