COMO ANDA SUA IMUNIDADE? << SORAYA JORDÃO
Não há quem nunca tenha ouvido falar sobre relação abusiva, pessoas tóxicas e suas
nefastas consequências. Porém, em geral, quando o tema é esse, costumamos acreditar
que somente os tolos e carentes passam por isso. Contudo, o maldito abuso ou a cruel
dependência dos afetos ilícitos pode acometer a qualquer um de nós, em qualquer idade,
a qualquer época.
Ninguém é vacinado para essa enfermidade.
Basta que uma das partes assuma o controle e a manipulação dos fatos e das armas de
culpabilização e tortura e a outra se deixe inebriar, capturar pelo lugar de salvador,
redentor do ser amado.
Quem está dentro do território infectado desconhece o risco da contaminação. Perde a
sensibilidade. Caminha por um chão em brasas sem sentir queimar a sola do pé.
Confunde laço com nó, abraço com chave de braço.
Sem sua dose diária de conflito e sedutor sofrimento, experimenta a mais terrível
abstinência.
Como abrir mão daquela/daquele incorrigível tirano insatisfeito, ocupante de todo o
tempo e pensamento com sua demanda infinita de atenção, amor, dedicação e entrega?
Ah, como é viciante amar aquele que se diz mal-amado, desamparado, injustiçado e
infeliz…
Quem assiste, do lado de fora,
tenta avisar, ajudar, dar receita, remédio, sem sucesso. Os amigos se cansam e se
afastam. O adicto fica entregue e subjugado.
Arrepios, tremores, quenturas, enjoos e
muita dor de cabeça são relatados com frequência.
A maldição dos afetos ilícitos, disfarçados de amor verdadeiro, têm o poder de colorir
os dias, disfarçar solidões e distorcer realidades com sua cegueira particular. Por isso, a
doença abusiva tende a cronificar.
Só existe uma forma de se prevenir desse tipo de adoecimento: faça o teste quando
diante dos sintomas. É rápido, seguro e eficiente no rastreio de abusos e toxidades.
Responda com honestidade:
1) Você pede desculpas sem ter cometido erro?
2) Você tem se silenciado em mínimas coisas para evitar discussão, desentendimento ou
por medo da reação do outro?
3) Você constantemente contraria suas vontades e desejos para poder agradar?
4) Você desiste de falar, expor seus argumentos, pleitear mudanças na relação porque
tem certeza de que o outro não vai escutar, refletir, entender, aceitar ou mudar?
5) Você acredita que a outra pessoa, no fundo, te ama, só não sabe demonstrar?
6) Você tem certeza de que é a única pessoa que realmente conhece o seu amado.
7) Você se afastou dos amigos, evita ter contato porque eles não entendem o que você
vive e querem julgar e dar pitacos.
8) Você tem certeza de que sua relação é única, intensa e singular. E só vocês são
capazes de entender o que vivem?
9) Há uma diferença insistente entre as atitudes da pessoa que você se relaciona e a que,
na sua cabeça, você acredita que no fundo ela é?
10) Você aprendeu a justificar, compreender, aceitar, dar razão a discussões, demandas e
acusações, que, em outros tempos, você consideraria inaceitável?
11) Às vezes, você desanima, cansa, se sente distante de tudo e de todos, mas não se
sente capaz de desistir?
Se você respondeu, pelo menos, um sim, saiba que você está no grupo de risco. Duas ou
mais respostas afirmativas indicam que você se contaminou. Procure ajuda
imediatamente!
Um complexo vitamínico composto de autoestima, coragem, amor-próprio, criatividade,
projetos pessoais e esperança tem sido muito eficaz no combate à doença
abusiva/degenerativa do eu e sua recidiva.
Apostemos na cura.
Comentários
Maravilha de texto!