PARAÍSO NAS AMÉRICAS - segunda parte >> Albir José Inácio da Silva
(Continuação de 11/11/2024)
Apesar das falsas acusações e da
campanha internacional da imprensa comunista, Ele ganhou! O ungido estava de
volta à Casa Branca com seus cabelos de ouro! Os céus estavam em festa! Plot
twist na história do planeta Terra! Chupa, comunistas!
Nunca perdeu as esperanças, o
nosso herói. O milagre aconteceria se perseverasse. E aconteceu. O mito do
norte fará grande de novo a nação coirmã e intervirá para corrigir as
injustiças no nosso Brasil. Já imaginava
o grande líder chegando num porta-aviões para entronizar o nosso mito e prender
os comunistas.
A escolha dos secretários já
disse a que veio o novo governo. Para a saúde, indicou um conhecido antivacina
cloroquinista. Na educação, colocou uma empresária de luta livre, que aposta em
homeschooling - a melhor maneira de impedir a doutrinação comunista dos
professores. Verdade que ela é vítima de acusações por abuso sexual infantil,
mas é só intriga, o chefe dela também sofreu essas injustiças e hoje está
eleito. O secretariado está mais para liga da justiça que para simples ministério.
Essas calúnias não surpreendem o
nosso herói. Aqui também ele assistiu às mesmas fofocas contra os ministros. O
da educação foi acusado de falsificar diploma, vender bíblias com sua foto e
trocar um quilograma de ouro por verbas da educação. O da saúde teve de lidar
com falsas denúncias de distribuir cloroquina, atrasar vacinas e sufocar os
manauaras com falta de oxigênio.
O importante é que, pelo menos lá,
estava de volta o salvador da pátria. Valeu a pena o sacrifício dos heróis que estão
na cadeia por invadir o Capitólio. O nosso sacrifício aqui também há de valer! –
dizia ele.
Aquela vitória do grande irmão do
norte é apenas a continuidade da Teologia do Domínio. No ano passado, quando
tudo parecia perdido, o mito argentino ganhou as eleições. Um sábio
espiritualizado que até de seu cão falecido recebe revelações. Haveria pelo
menos asilo político para as vítimas do comunismo brasileiro.
Sentiu-se renovado, o patriota. O
dia clareava ainda, mas teve vontade de andar na rua, vestir a camisa, provocar
os esquerdistas. Calçou tênis e vestiu bermuda, não queria mais a calça
comprida da vergonha. A redenção estava a caminho, com a ajuda de um alicate,
arrancou a tornozeleira.
A central de monitoramento registrou
a desativação do equipamento.
Por um mês ele voltou ao que era.
Falava com todos, provocava, ameaçava, dizendo que Trump estava chegando para
nos salvar, e ai daqueles que estiverem do lado errado! Retomou o uniforme da
CBF e a bandana verde e amarela na cabeça. Nem parecia um perseguido político
que tinha que comparecer ao fórum todo mês e fazer trabalho social.
A luta continuava. Felizmente, os
combatentes presos resistiram aos interrogatórios com coragem e não “entregaram”
nenhum dos bravos comandantes. Quando perguntados, diziam que ninguém os
mandou, vieram porque quiseram, pagaram com o próprio dinheiro e os
acontecimentos foram mera coincidência. Assim os líderes continuavam a luta em liberdade
até a vitória final.
O nosso patriota retornou à
antiga militância, coração cheio de júbilo e esperança no Make Brazil Great Too - como ele dizia nas ruas. Voltava de uma dessas performances quando encontrou a mulher transtornada. A polícia esteve
lá para prendê-lo porque rompeu o lacre da maldita tornozeleira.
(Continua em 09/12/2024)
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