VOCÊ ESTÁ VENDO O QUE EU ESTOU VENDO?
Era domingo, mas não era um domingo qualquer, era o domingo que anunciava o início do mês do meu aniversário, o meu mês!
Sim, eu sei que setembro é um mês que reúne muitos aniversariantes, percebo pela minha própria família, além de mim, tem meu primo, meu sobrinho e meu filho celebrando uma volta ao sol nesse mês, mas ainda assim vou dizer que também é o meu mês.
E para começar a entrar no clima festivo, acordei cedo e fui fazer algo que eu adoro: participar de uma corrida de rua! Tinha tempo que não participava de uma, mas decidi que nesse meu novo ciclo vou aos poucos voltando a fazer aquelas coisas que me fazem bem, mas que vão sendo jogadas de lado pela correria do dia-a-dia.
Pode parecer besteira para quem olha de fora, mas fiquei radiante por conseguir completar o percurso em um dos melhores tempos que já fiz. Pode não ser um tempo bom para quem treina constantemente, mas essa é a beleza da corrida, ela é democrática, todo mundo corre o mesmo percurso, cada um no seu tempo tentando ser melhor apenas do que si em outro momento. E eu fui.
Segui meu domingo cheia de energia, me sentindo super bem pelo meu novo feito, e assim fui para o clássico almoço de família de domingo.
E foi aí que aconteceu o inesperado.
Foi na hora de buscar a comida, quando entrei no elevador, para ser mais exata.
Eu estava sozinha e, quando olhei no espelho do elevador, tomei o primeiro susto. Será que eu estava vendo direito? Não era possível.
Elevadores têm uma luz horrível, com certeza não era nada, foi só impressão. Mas melhor conferir em outro espelho quando subisse com a comida.
Deixei a comida na cozinha, ignorando que outras pessoas estavam apenas aguardando a minha volta para poderem almoçar, chamei minha mãe e perguntei: você está vendo o que eu estou vendo?
Ela riu e confirmou: sim, eu estou vendo! Não precisa ficar tão assustada, isso acontece, e vou dizer até que demorou.
Minha mãe é míope desde pequena, melhor chamar outra pessoa para confirmar. Chamei meu marido no banheiro, mas a resposta foi a mesma, e acompanhada da mesma risada que minha mãe havia dado antes.
É, essa foi a hora que precisei sair da negação e entrar na aceitação: eu havia encontrado o meu primeiro fio de cabelo branco.
Não estava preparada para esse momento, justo em um dia no qual eu estava tão bem comigo mesma. Minha primeira reação não foi muito racional, acabei arrancando o fio, o que fez minha mãe dizer em tom de brincadeira: arranca um, nascem dois.
O pior é que é verdade, não no sentido "mágico" da coisa, mas no sentido lógico mesmo, se o primeiro apareceu, logo outros estarão chegando também, e arrancar não vai ser mais uma opção.
Mas quer saber, passado o sentimento de pânico de quem não imaginava que isso aconteceria tão cedo (ou nem tão cedo assim, de acordo com minha mãe), pensei: que venham os fios brancos e que marquem um novo ciclo de mais maturidade, mais sabedoria para aproveitar o que a vida tem a oferecer, mais autoconhecimento e que combinem com os pés de galinha que estão começando a ficar mais marcados ao lado dos olhos.
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